12 álbuns que marcaram 2022

No primeiro dia do ano, a Engenharia Rádio dá-te a conhecer 12 álbuns que marcaram 2022. Fica com as melhores escolhas da nossa equipa.

2 de abril – A garota não

2 de abril é o álbum ideal para ouvires naqueles dias de chuva, enquanto contemplas o horizonte infinito da tua vida. Repleto de letras que respiram poesia combinadas com uma voz que faz vibrar as cordas da alma, produz uma sonoridade envolvente que te transporta para um plano de transcendência.

Vasco Tunesconii

 

 

 

Ants From Up There – Black Country, New Road

Ants from up there são 58 minutos e 51 segundos de pura genialidade musical, que nos é oferecida com a maior das generosidades pelos Black Country, New Road. A banda inglesa embalou de forma refrescante 10 faixas que demonstram que não há barreiras criativas. A Intro dá o mote para aquilo que o álbum promete ser – uma tertúlia de teclas, cordas e bateria. A faixa que se segue Chaos Space Marine aproveita o embalo da primeira, e serve de experiência criativa – e caótica – para cada elemento da banda. Nos primeiros minutos da faixa seguinte, Concorde, o ritmo abranda e as almas absorvem uma tranquilidade musical que é interrompida a dada altura pela essência pop-rock da banda, que ascende de forma gradual-magistral. A viagem continua e atravessa destinos mais melancólicos nas faixas Bread song e Haldern. No entanto, passa também por faixas dignas de filme – Good Will Hunting e daquelas que fazem o coração dançar de emoção – The Place Where He Inserted The Blade. Por fim, o avião aterra em Basketball Shoes, que se trata de uma aterragem de 12 minutos, e que permite ao tripulante uma reflexão profunda sobre a maravilha que foi fazer esta viagem, tornando-se obrigatório obter o carimbo no passaporte!

Maria Alves da Silva

 

CRASH – Charli XCX

Charli XCX foi muitas vezes apontada como a “popstar do futuro” quer devido à forma mais experimental como escolhe abordar a música pop quer, de forma mais infeliz, pelo facto de o sucesso no mainstream lhe ter escapado numerosas vezes por entre os dedos. CRASH, publicado a 18 de março de 2022, vê-a regressar a uma sonoridade pop mais convencional, mas desta vez nos seus próprios termos. Ou seja, longe de ser uma rejeição do estilo que criou para si, CRASH apresenta-se como uma amálgama de tudo o que Charli XCX é enquanto artista. O álbum contém toda a euforia e energia electrizantes que só a música pop pode oferecer em faixas como New Shapes e Lightning. Mas, por outro lado, não deixa de fora os momentos mais intimistas (músicas como Move Me ou Every Rule) que também caracterizam a cantora.

Mariana Gil

Entergalactic – Kid Cudi

Entergalactic foi um dos álbuns mais inéditos de 2022. Kid Cudi levou o lançamento de um álbum mais longe, transformando o seu conteúdo num filme de animação. O elenco reúne nomes como Jessica Williams, Timothée Chalamet, Laura Harrier, Ty Dolla $ign, Jaden Smith, Macaulay Culkin, Vanessa Hudgens. Conta uma história simples, mas altamente complexa em que cada música do álbum tem o seu tempo e significado. Além disso, o Universo de Kid Cudi está muito presente ao longo da obra, onde tudo faz sentido principalmente para os mais atentos à vida do artista. Um álbum e uma animação a não perder, mesmo que em 2023.

Lara Castro

 

 

Excess – Automatic

Excess é o segundo álbum da banda Automatic, banda de LA, que mistura new wave, post-punk e eletrónica para criar uma sonoridade única. Esta junção culmina num som dançável e diversificado. Abordam vários temas muito atuais, como a ideia de deixar o planeta quando tivermos esgotados os seus recursos, entre outros. É um álbum no qual vemos a confirmação do surgimento destes novos conceitos e paradigmas musicais.

Rodrigo Freitas

 

 

 

 

VINCENT – FKJ

Cinco anos depois de lançar o seu primeiro álbum, o multi-instrumentalista Vincent Fenton (mais conhecido por FKJ) volta em força com o seu sucessor, “V I N C E N T”, lançado em Junho. Sobre este álbum, feito durante a pandemia, afirmou tratar-se da procura de uma saída da mente adulta. Uma tentativa de abandonar o overthinking e voltar aos instintos, de recuperar a inocência criativa que todos temos enquanto crianças e gradualmente perdemos ao longo da vida.
A música que compõe este disco reflete o ambiente em que o artista viveu a pandemia: um local isolado na natureza, nas Filipinas. Talvez por isso seja tão contemplativo, complexo, harmonioso. Com colaborações de Toro Y Moi, Little Dragon, Santana e ((( O ))), este trabalho apresenta mais influências rock, mas continua a combinar soul, jazz e eletrónica numa mistura elegante e imersiva que surpreende a cada audição.

Mariana Varejão de Magalhães

Mil Coisas Invisíveis – Tim Bernardes

“Nascer / Nascer outra vez bem no meio da vida” são os versos que dão início à torrada-com-queijo-e-mel-e-chá-a-acompanhar que é o segundo álbum de Tim Bernardes – Mil Coisas Invisíveis. Tal como no seu primeiro álbum Recomeçar (2017), Tim Bernardes volta a explorar a frescura dos novos começos após as feridas provocadas pelo amor e pelo desafio que é viver. Mil Coisas Invisíveis é um álbum que nasce das profundezas do ser do artista e que se torna um bálsamo para a alma de quem o ouve. Tim Bernardes tem este dom de agitar o ser de emoções e acalmá-lo com a doçura da sua voz.
É um álbum Realmente lindo, Leve, e de Beleza Eterna – deliciem-se!

Maria Alves da Silva

 

 

No Thank You – Little Simz

Depois de “Sometimes I Might Be Introvert” (2021), um álbum que certamente irá marcar a década, Little Simz regressou com o seu quinto trabalho. “No Thank You” saiu em Dezembro, mesmo a tempo de ser aclamado um dos melhores do ano. Apesar de, em alguns momentos, poder soar a um aftermath do trabalho anterior, nenhum mérito deve ser tirado ao novo álbum, dado que este traz uma nova perspetiva e um novo som. Em letras emocionantes e rimas inteligentes, “No Thank You” discute temas como o auto-conhecimento, saúde mental, e até as dificuldades de ser artista na indústria atual. No entanto, como já sabemos, Simz direciona a sua dor e frustração para a sua música e acaba sempre por revelar a sua convicção e auto-confiança.

Mariana Varejão de Magalhães

 

Ocupação – Fado Bicha

Este álbum dos Fado Bicha é uma verdadeira Ocupação. Ocupação, em primeiro lugar, do fado por outros estilos musicais como Techno, Trap, POP e Rock, sem esquecer as influências da música tradicional portuguesa como, por exemplo, Amália Rodrigues ou António Variações. Ocupação, em segundo lugar, do panorama musical pelas temáticas LGBTI, com uma letra muito direcionada para a crítica social, denunciando preconceitos, quebrando amarras, e colocando a nu as suas vivências quotidianas.

Vasco Tunesconii

 

 

 

Skinty Fia – Fontaines D.C.

O terceiro álbum da banda irlandesa Fontaines D.C. traz de volta uma sonoridade com influências do post-punk e rock, centrando-se na própria identidade irlandesa, refletida por quem atualmente reside em Inglaterra, e a discriminação feita desta. Está presente no próprio nome do álbum, Skinty Fia, que seria uma expressão irlandesa, que significa algo como “condenação do veado”, usada como palavrão. Outros temas como o amor, a saudade também, mas sempre em relação com a Irlanda e a sua identidade. É um álbum relevante tanto pelo conjunto geral, como também pela transmissão de sentimento de não pertença e de discriminação ainda tão presentes, mas estes estão adaptados nas músicas.

Rodrigo Freitas

 

 

Wet Leg – Wet Leg

O hype causado pelos seus singles de estreia “Chaise Longue” e “Wet Dream”, lançados em 2021, fez com que “Wet Leg” fosse, possivelmente, um dos álbuns mais aguardados do ano. O primeiro disco da banda britânica com o mesmo nome, fundada por Rhian Teasdale e Hester Chambers, chegou até nós em Abril sob a forma de um indie rock cativante. Com o sentido de humor de quem não se leva muito a sério, a leveza de quem ainda sente a juventude em si, e, ao mesmo tempo, a ansiedade característica da “quarter-life crisis”, o duo canta a montanha russa de emoções que compõe a fase que vivem.
As suas canções, com variável nível de agressividade e loucura mas irreverência, atitude e diversão constantes, remetem-nos para a sonoridade de Franz Ferdinand, Pulp, Blur, Pavement, Parquet Courts, MGMT, Courtney Barnett, entre outros.
Este disco foi, definitivamente, a rampa de lançamento de Wet Leg. Elas já descolaram: agora apenas nos resta ver até onde irão voar!

Mariana Varejão de Magalhães

 

Edição por: Beatriz Araújo e Rita Pereira

Foto: Marco Teixeira

 

Feliz Ano Novo!

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