A entrada de Jorge Mendes no Ciclismo

A polémica estalou no início do novo ano. João Almeida, Rúben Guerreiro e os gémeos Oliveira, as quatro maiores promessas do ciclismo nacional, assinaram pela Polaris, da Gestifute. A empresa que também é responsável pela assessoria do tenista João Sousa e do surfista Frederico Morais.

O foco da parceria entre a Corso e a Polaris será capitalizar o interesse gerado em João Almeida (esq.) e Rúben Guerreiro (dir.) devido à sua prestação no Giro 2020.

Esta aproximação de Jorge Mendes ao ciclismo suscitou bastante desconfiança no seio da modalidade. O desagrado manifestou-se principalmente por Marc Madiot, francês e diretor desportivo da Groupama – FDJ. “Não quero que este desporto se transforme no futebol”, terá dito o ex-atleta olímpico.

As dúvidas suscitadas por Madiot prendem-se, essencialmente, com dois fatores. Em primeiro lugar, a necessidade de um agente fomentar o volume de transferências de atletas, de modo a obter mais rendimento sob a forma de comissões. Em segundo lugar, o valor de mercado muito inferior do ciclismo em relação ao futebol. Que interesse obscuro poderia estar a ser encapotado com este novo investimento?

A Polaris Sports, fundada por Jorge Mendes, é uma das maiores empresas a nível mundial na representação de direitos de imagem de atletas. E, de acordo com João Ferreira, um dos fundadores e diretores da Corso, que gere as carreiras de João Almeida e Rúben Guerreiro, será este o foco da parceria entre a sua empresa e a Polaris. Procurar capitalizar o interesse gerado nos dois atletas devido à sua prestação no Giro 2020.

A garantia de João Correia, em entrevista dada ao PÚBLICO, é que em momento algum se falou da entrada de Mendes no agenciamento desportivo de ciclistas. Para além disso, garante que a Corso continuará responsável pela vertente atlética e desportiva. Aproveitou, no entanto, para revelar que João Almeida está no mercado e para negar qualquer interesse na equipa de Marc Madiot.

A não inclusão direta da Gestifute não será uma garantia de transparência no processo. Luís Correia, sobrinho de Jorge Mendes e responsável pela Polaris, estará presente nos e-mails revelados pelo Football Leaks utilizados no processo de evasão fiscal de Cristiano Ronaldo. Acusações essas diretamente ligadas aos contratos de exploração da sua imagem.

Francisco Caetano

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