Sensacionais Idles no Hard Club – quando público e banda estão ao mesmo nível

No passado dia 26 de novembro, a sala 2 do Hard Club esgotou para acompanhar Idles e o seu punk efervescente que tanto êxito tem tido, principalmente depois do lançamento de Joy as an Act of Resistance, disco deste ano.

JOHN (TimesTwo) aqueçaram o recinto para o principal espetáculo da noite, o regresso de Idles, que já haviam passado por Portugal, nomeadamente pelo Porto, uns meses antes, no segundo dia do NOS Primavera Sound.

Na ocasião, ainda antes do seu segundo disco estar disponível, os rapazes de Bristol tocaram durante a tarde na abertura do palco principal para uma plateia que se revelou não muito conhecedora da banda, que contudo achou o som e a excentricidade da mesma uma agradável surpresa.

De facto não podia ser mais díspar o ambiente, desta vez no espaço fechado do Hard Club. Talvez essa surpresa no Parque da Cidade tenha deixado muitos festivaleiros nortenhos curiosos, assim como o sucesso do novo álbum. Desde o início ao fim da setlist poucas eram as pessoas que não se juntavam a Joe Talbot para cantar as letras que se estenderam de forma muito equilibrada por ambos os discos da banda.

Também desde o ínicio, com Colossus, ao fim, com Rotweiler, temas que são respetivamente primeiro e último de Joy, não se perdeu o entusiasmo, culpa dividida entre um público muito enérgico e bem-humorado e uma banda com um som perfeitamente empolgante. Com músicas pautadas pelo seu conteúdo recheado de comentário político e social contemporâneo, Talbot transmitiu mensagens aparentemente compartilhadas por todos os presentes na sala. O uníssono de banda e espetadores poderia até ser caracterizado como a melhor claque de protesto da qual há memória. Talbot elogiou ainda a “mente aberta” do público português e o respeito e inclusão que mostravam para com o próximo, entre várias outras mensagens de incentivo à justiça social pregadas pelo britânico.

Com o decorrer do concerto foi notória a crescente boa disposição e o à vontade da banda. Joe Talbot estava mesmo incrédulo, afirmando várias vezes ser este o melhor público para o qual a banda teve oportunidade de tocar. Tantas vezes o disse que é mesmo algo que podemos acreditar ser verdade.

Desde pequenas imitações a Freddie Mercury em Wembley, à já clássica atuação a capella de All I Want for Christmas Is You, moche, crowdsurfing, subidas a palco pelo público (incentivadas pela própria banda, inclusive com direito a tocar e a cantar as músicas) e descidas à plateia pelos membros da banda, houve de tudo o que se pode pedir de uma performance ao vivo.

Os Idles são, sem dúvida, uma banda muito importante no panorama atual da sociedade, tal como uma banda de punk o deve ser, e a harmonia que alcançam com o público é evidência disso mesmo. Um bem-haja aos rapazes de Bristol, que já prometeram regresso e que serão novamente muito bem-vindos.

Imagem de destaque: hugoadelinophoto@gmail.com

João Gomes

Publicado a

Comentários fechados em Sensacionais Idles no Hard Club – quando público e banda estão ao mesmo nível