Anime Review – Mobile Suit Gundam: Iron-Blooded Orphans; Episódio 1

Mobile_Suit_Gundam_IRON-BLOODED_ORPHANS_Poster

Depois da recepção mista de Gundam Reconguista in G, a companhia de produção japonesa Sunrise decidiu seguir esta mais recente adição ao timeline Universal Century (UC) com uma nova tentativa de criar um universo alternativo Gundam com Mobile Suit Gundam: Iron Blooded Orphans (機動戦士ガンダム 鉄血のオルフェンズ), inaugurando o timeline Post-Disaster (PD).

Esta série tem como realizador Tatsuyuki Nagai (Toradora!; AnoHana) e guionista Mari Okada (Fate/Stay Night; Black Butler II), teve data de estreia a 4 de Outubro de 2015 e tem um total de 25 episódios planeados.

A série tem como começo o ano de 323 PD, e seguimos os acontecimentos à volta do protagonista Mikazuki Augus e os seus companheiros, que formam uma unidade militar de crianças-soldados recrutados pela Chryse Guard Security em Marte. Como fundo, é nos explicado que à cerca de três séculos atrás, num conflito designado de Calamity War, foi despoletada uma guerra violenta entre os colonos de Marte e o antigo governo do planeta Terra. Como resultado, a infraestrutura política da Terra foi radicalmente reformada esta emergiu como o principal poder económico do sistema solar, à custa da pobreza e miséria dos colonos de Marte. De forma a enforcar este novo status quo, foi criada uma organização militar de nome Gjallarhorn. Chegado a altura desta narrativa, começou a emergir um movimento de independência no seio da população marciana, tendo como líder e símbolo a Kudelia Aina Bernstein, filha do actual representante e governante de Marte.

O primeiro episódio vê o protagonista e os seus colegas a aceitarem a missão de servir de guarda-costas para a jovem Bernstein enquanto esta se desloca para o planeta Terra de forma a assegurar a independência de Marte. Porém, Gjallarhorn tem outros planos, visto que o comandante Coral Conrad, com ajuda do pai de Bernstein, tenciona assassiná-la de forma a desorganizar e eventualmente eliminar o movimento de independência.

Através da perseverança e inteligência de Orga Itsuka, a unidade de crianças soldados tem que descobrir uma maneira de sobreviver, além da traição dos seus oficiais superiores, à carga das forças militarmente superiores de Gjallarhorn e o seu comandante sanguinário utilizando Augus como trunfo pilotando uma antiga relíquia da Calamity War: um fato móvel designado de Gundam Barbatos.

As personagens

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Todas as personagens deram uma impressão inicial excelente, tendo uma caracterização sólida juntamente com motivos e função bem definidas. De destacar seria o protagonista Mikazuki e o seu oficial superior Orga (com um cabelo de meter inveja a qualquer mulher), através de uma sugestão de um passado turbulento, a atitude directa e solidária do primeiro e a capacidade de comando e responsabilidade do segundo. Quanto à personagem principal feminina, apesar de parecer que não seria nada de especial ao início, eu gostei da maneira como esta foi caracterizada como sendo compassiva e determinada, ao mesmo tempo sem descurar do facto que ela ainda é bastante inocente acerca do mundo real, algo tornado evidente através da sua interacção com Mikazuki. Quanto ao lado dos antagonistas, ainda não parece haver muito por onde ir, tirando o facto de que o veterano Crank Zent tem um design de personagem muito parecido com o Wolverine e tenho a suspeita de que McGillis Fareed irá ser o nosso ‘‘Char Clone’’ para esta série (embora não tenha a certeza, pois tive essa mesma onda de Orga). Quanto a algo de mais negativo, devo dizer que não achei muita piada ao Comandante antagonista, que parecia algo mais dentro da onda do Skeletor do que e Gundam, mas quando cheguei ao final do episódio a coisa resolveu-se.

Quanto ao design de personagens em geral desta série, embora à primeira vista pareçam ser mais adequados para algo mais na direcção do género Slice-of-Life, a verdade é que Yu Ito e Chiba Michinori fizeram um excelente trabalho com as personagens, e parecem encaixar bem no ambiente da série e tem um aspecto óptimo em movimento.

Os Mechs e sua Análise

No que diz respeito à parte mais mecânica, devo dizer que mais uma vez temos um exemplo de excelência no que diz respeito ao design dos mechs, algo que tem sido constante da parte da Sunrise desde G Gundam nos anos 90. Sendo que tivemos pouco em termos de fatos móveis (apenas dois até agora), vamos analizar o que já tivemos.

Glaze

Primeiro temos o EB-06 Graze, que, até vermos algo para sugerir o contrário, irá ser o nosso análogo para o Zaku II neste timeline. De uma forma geral, temos um bom balanço entre as superfícies e contornos mais geométricos, normalmente associados a este franchise, e um completo mais elegante que caracteriza este design, juntamente com o esquema de cores clássico associado aos fatos móveis de produção em massa dos antagonistas. O cockpit da máquina está, como é costume, no centro do torso. A característica mais notável é a cabeça, que serve de sensor visual para o piloto. Ao contrário do ar mais humanoide (cabeça e pescoço) de outros dentro da sua classe e género, este tem um aspecto mais enterrado no torso, mantendo a estética mono-olho,  com uma espécie de perfil de barrete e com a capacidade de se desdobrar de forma a revelar uma cápsula esférica que deve exacerbar as capacidades sensoriais da máquina.

Embora nada de especial, o design é mais que sólido, com amplas possibilidades de customização para entusiastas de gunpla e apresentando uma harmonia entre as sensibilidades geométricas de mechs antigos com o desejo moderno de elegância mecânica.

Barbatos_1st_Form_Front

Por fim, temos o titular Gundam que servirá de brasão para a série. De nome completo ASW-G-08 Gundam Barbatos, iremos analisar a forma inicial deste mech, visto que irá adquirir modificações e upgrades à medida que decorre a série. À primeira vista, este Gundam não parece ser algo de muito especial devido à sua aparência delapidada e exposta. Felizmente, isto é algo de temporário visto que, dentro do contexto da série, este Gundam foi abandonado e delapidado à medida do tempo devido ao desuso.

De qualquer das formas, ainda é aparente a ideia por detrás deste design, mais uma vez procurando uma combinação entre o moderno e a tradição, estando mais que presente o esquema de cores característico de um Gundam juntamente com a cara icónica e a coroa, desta vez mais pronunciada. Complementando isto, o design procura mais uma vez criar um total que apresenta mais uma imagem de refinancia e modernidade. O resultado é uma máquina que balança o agressivo e demoníaco com o elegante e preciso. A lógica por detrás do nome faz sentido dado o aspecto infernal, pois Barbatos é uma figura documentada em textos demonológicos como sendo um dos duques do inferno, oitavo numa hierarquia de 72 de acordo com a Ars Goetia (ainda para mais a séries estabelece que foram criados apena 72 Gundams).

O design tem sido diviso, seguindo os passos do G-Self em Reconguista in G, mas mais uma vez vejo-me a declarar que me enquadro no lado positivo da discussão, visto que além de ter um design excelente por si próprio, a lógica por detrás da sua criação enquadra-se numa mitologia subjacente que informa o mundo no qual este origina. Ainda reservo a decisão de dizer se o montava e punha na estante caso me estivesse disponível, pois gostava de ter uma ideia do produto final quando a série estiver completa, mas pelo que vi, este é mais um Gundam digno de entrar na galeria da Sunrise e mal posso esperar para que saia a edição Real Grade deste modelo.

Conclusão

De forma a concluir esta análise, estou mais que satisfeito com a estreia desta nova série Gundam e mal posso esperar para ver o que vai acontecer para a frente, sendo que esta série tem o potencial para ser o próximo Gundam 00, providenciando uma narrativa mais original dentro do franchise e um ponto de entrada acessível e apelativo para iniciantes e interessados em Gundam. A animação é espetacular e nota-se que imenso esforço e recurso foi deslocado para esta produção, afirmando a dominância da Sunrise no que diz respeito à animação Mech juntamente com o OVAs mais recentes da Code Geass. Mais uma vez reforço que não é necessário ver qualquer série ou filme anterior a este, visto que é uma cronologia completamente original.

Para quem estiver interessado, Mobile Suit Gundam: Iron-Blooded Orphans está disponível internacionalmente de forma gratuíta no website http://en.gundam.info/index/white. Procurem pelos episódios que tenham indicado disponível na Europa e desfrutem, embora tenha que salientar que ainda só está disponível com legendas.

Verdito

5/5

Crítica escrita por Tiago Garcia

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