Yo La Tengo, 15.03.2010, Casa da Música

Em 1992 os Yo la Tengo deram um modesto concerto no Hard Club, em Vila Nova de Gaia. Sábado, dia 15 de Março, foi a vez da Casa da Música receber a banda pioneira do indie rock.

O pretexto usado para o concerto é o último albúm “Popular Songs”.

A casa encheu desde um público muito jovem até aos saudosistas da década de 90. As emoções pairavam no ar, até que fervilharam quando se ouviram os primeiros acordes de “Sudden Organ” do álbum de 1993, “Painful”.

No início do concerto, Ira Kaplan, Georgia Hubley e James McNew ocuparam as posições habituais, com Georgia na bateria e os restantes a dominarem as guitarras. Contudo, ao longo do concerto os elementos saltavam de instrumento em instrumento onde se revelaram artísticas dinamicamente multifacetados.

A nostalgia dominou o concerto e teve o seu expoente máximo com “Stockholm Syndrome”.

Os primeiros sinais do último álbum começaram logo a seguir com “More Stars Than There Are In Heaven”.

A partir daqui Ira solta as primeiras palavras ao público e a interacção entre ambos demonstra-se recíproca, recordando igualmente a última passagem pelo Norte de Portugal. A boa disposição de Ira aproximava e descontraía cada vez mais o público.

Isto foi o mote para a música do último álbum de 2009, “If it´s true”, que marcou a cumplicidade entre Ira e Georgia , num dueto mágico e que deixou um silêncio deliciosamente perturbador na sala.

A setlist andou à volta do “Popular Songs” e dos outros álbuns mais aclamados da banda, entre os quais, o “I Can Hear The Heart Beating As One” de 2000, com temas como “Little Honda” ou mesmo “Sugarcube” a fazerem levantar uma parte do público, contrariando a rigidez de ver sentado um concerto contagiante como este.

Contudo, o trio espreitou todas as sonoridades que marcaram a sua carreira em que ora o espectáculo era dominado pela voz brilhante e hipnotizante de Georgia ou pela electricidade contagiante de Ira no teclado e guitarra. Mostraram-se como a banda que sempre fugiu ao indie pop e que provaram merecer o rótulo de pioneiros de um rock alternativo puro e genuíno.

O público incansavelmente pedia por mais, e num reportório quase já a esgotar-se, a banda americana no último encore fecha com “The Summer”, em que a voz doce de Georgia conquista por completo uma plateia que não esquecerá tão cedo aquela noite, no Porto.


Reportagem por Mariana Neto