Building the Future 2024 – Diário 1º dia

O Building the Future 2024 arrancou esta quarta-feira, dia 21 de Fevereiro, no Convento do Beato, em Lisboa, para a sua 6ª edição. Com dois Rodrigos como anfitriões, Rodrigo Pratas (SIC) e Rodrigo Seabra (jovem piloto automóvel português), a primeira novidade foi o Live Motion Capture, uma solução desenvolvida pela No Ideas No Arts, que permitiu ao jornalista controlar o seu avatar em tempo real.

Andres Ortolá, General Manager na Microsoft Portugal, foi o primeiro a subir ao palco para abordar o impacto que a Inteligência Artificial tem tido no universo empresarial. Foram vários os testemunhos apresentados de casos de sucesso na educação em Portugal e em empresas como os CTT, EDP, IEFP, INA, entre outras.

Dois dos pontos mais sublinhados pelo líder da tecnológica foram a unificação e a privacidade. No que ao primeiro diz respeito, Andres mencionou que graças ao conjunto de soluções da Microsoft interligadas entre si, nomeadamente o Github, o Power Platform e o Visual Studio, é possível ter avanços significativos na IA.

Por outro lado, e fazendo questão de salientar o quão importante era a questão da privacidade no contexto da Inteligência Artificial, mencionou que “os dados dos utilizadores não são usados nem para treino nem para melhoria dos modelos de IA” da gigante tecnológica.

Mencionou ainda que as etapas no caminho da IA se iniciam com a exploração, seguida de uma fase piloto que é posteriormente escalada, culminando na última parte que se traduz na inovação.

Ainda antes de apresentar a maior novidade do dia, Andres deu a conhecer os três casos de uso mais comuns da Inteligência Artificial em Portugal: processamento de dados avançado, assistentes virtuais/agentes inteligentes/chatbots e otimização de processos.

Para terminar a sua intervenção, anunciou a Fábrica de Inovação em Inteligência Artificial a ser inaugurada no final deste ano em Portugal. Tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento de aplicações e soluções de Inteligência Artificial, sendo um “catalisador da inovação”, permitindo o surgimento de uma “criatividade arrojada”.

Seguiu-se uma das mais esperadas subidas ao palco do dia, a de Pascal Bornet, especialista em Inteligência Artificial, que começou por apresentar vários casos de uso de soluções que usam IA Generativa, ou GenAI, – desde o concerto de uma orquestra clássica, cujo som é detectado e convertido pela IA numa animação que serve de pano de fundo, à possibilidade de criar apresentações PowerPoint automaticamente com um simples pedido textual, ou até melhorar a qualidade de imagem de radiografias e transformar texto em modelos 3D de edifícios, ruas e cidades -, passando então o foco para as principais maneiras como a GenAI está a mudar o mundo, principalmente o potencial de aumento de produtividade.

Em jeito de analogia e face ao criticismo da IA, bem como à preocupação da sociedade com a extinção dos empregos, Pascal mostrou uma fotografia de um protesto no século passado, feito por Professores de Matemática, contra o uso das calculadoras. Na sequência disso, e segundo a sua opinião, mencionou que só com uma simbiose entre a humanidade e a IA será possível obter os melhores resultados. Ainda assim, há riscos a ter em conta.

O primeiro está relacionado com a adoção de IA, na medida em que o objetivo deve passar por automatizar as tarefas diárias e com isso melhorar o trabalho e não substituí-lo.

O segundo prende-se com o perigo de se ser enganado pela IA, tendo por isso alertado para o eventual surgimento de desigualdades. O orador chegou inclusive a mostrar uma animação na qual se via humanos de olhos postos nos telemóveis e máquinas a aprender. Em jeito de recomendação, pediu a todos que mantivessem um olhar atento sobre o balanço entre vida e trabalho e que construíssem desde cedo, junto das suas famílias, uma literacia em IA.

Por último, o terceiro risco está relacionado com o ritmo a que a IA evolui e com isso podermos acabar, enquanto Humanos, atrasados no acompanhamento do mesmo. Pascal Bornet aproveitou também o seu tempo em palco para abordar um tema importante da atualidade, sendo também este um motivo pelo qual tal atraso se prevê: o vício Humano nas redes sociais. O uso excessivo das plataformas em questão não só consome demasiado do nosso tempo como tem também um impacto na nossa capacidade de concentração, aprendizagem e evolução.

O orador e autor do livro Intelligent Automation terminou a sua palestra recomendando que não nos tornemos escravos da tecnologia e que aprendamos a usar a IA a nosso favor, usando 15% do nosso tempo de trabalho a construir literacia de IA, e opinando sobre o que nos irá distinguir da IA, mesmo que esta consiga ultrapassar-nos na maioria dos desafios cognitivos: Criatividade, Habilidades sociais, Pensamento crítico.

Seguiram-se vários outros oradores que testemunharam o impacto que a IA está a ter nas suas organizações.

No período da tarde, o destaque foi para José Manuel Durão Barroso, atualmente Chairman of the Board na GAVI e Goldman Sachs International. O antigo Primeiro-Ministro português e ex-presidente da Comissão Europeia considera que a Europa está atrás dos Estados Unidos e da China na corrida pelo desenvolvimento da IA, apesar do talento que reconhece nos engenheiros e líderes tecnológicos europeus.

O primeiro dia do Building the Future foi recheado de intervenções que contribuíram para a discussão e debate do presente e futuro da IA.

João Pires, José Magalhães, Pedro Pacheco

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