Web Summit 2022 – Conferências de Imprensa

O Tech4U esteve presente nas conferências de imprensa de Carlos Moedas, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, de Changpeng Zhao, CEO da Binance, Javier Tebas, Presidente da LaLiga, e ainda de Paddy Cosgrave, CEO da Web Summit.

Conferência de Imprensa com Carlos Moedas, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

Para além da subida ao palco durante a cerimónia de abertura e da apresentação da Unicorn Factory, uma plataforma para ajudar startups, o Presidente da Câmara de Lisboa participou ainda numa das conferências de imprensa da Web Summit, desta vez com a companhia de Gil Azevedo, diretor executivo da Startup Lisboa, recentemente integrada na fábrica de unicórnios.

Moedas acredita que Lisboa é o local adequado para o crescimento e aprendizagem por parte das empresas tecnológicas, considerando ainda a capital portuguesa um “hub tecnológico”. Defende que este projeto será central para a Câmara Municipal, mudando a forma como vemos a inovação, ensinando e orientando empresas, bem como para transformar startups em unicórnios.

Após esta breve introdução, seguiu-se um conjunto de questões, das quais se destacou a realizada por Jonathan Littman, autor de diversos livros sobre negócios, crime e desporto e ainda Professor de Inovação e Empreendedorismo da Universidade de São Francisco. A questão prendeu-se com a contribuição para a “ponte” existente entre Portugal e a Califórnia. Em resposta, Carlos Moedas reconheceu Littman e aproveitou a oportunidade para elogiar o seu trabalho na promoção da cidade de Lisboa junto de multinacionais e investidores norte-americanas, agradecendo ainda o artigo da sua autoria, defendendo que o mesmo teve um impacto positivo na cidade ao trazer pessoas para a mesma.

Ainda durante a sessão de perguntas e respostas, foram partilhados por Gil Azevedo os números da Fábrica de Unicórnios, tendo sido definido como objetivo do projeto que as atuais 450 startups a ser criadas e os 35 milhões de euros gerados por ano passem para o dobro, no caso das startups, e para os 100 milhões de euros por ano.

Conferência de Imprensa com Changpeng Zhao, CEO da Binance

O CEO da Binance, uma das presenças mais aguardadas da edição deste ano da Web Summit, entrou na sala de conferências de imprensa com um sorriso na cara. Assim que se sentou, sem mais demoras, tirou um selfie com os presentes.

Em resposta às questões colocadas pela Reuters, relacionadas com a sua proximidade a Elon Musk e sobre a aquisição do Twitter por parte do mesmo, bem como com a ameaça por parte do Banco Central através da disponibilização de moedas digitais próprias, Changpeng repondeu que não era o CEO do Twitter e que não pretende incomodar Musk com questões, uma vez que “ele sabe como gerir uma plataforma”. Acrescentou ainda que, contudo, a Binance está disponível para qualquer ajuda que seja necessária. Em relação ao Banco Central, a resposta foi simples: as criptomoedas disponibilizadas por este são diferentes às presentes na Binance, pelo que não são uma ameaça.

Seguiram-se várias questões relacionadas com a diversidade da oferta na plataforma, tendo o CEO da Binance mencionado que, quanto maior a oferta, melhor para a Binance e para os investidores. O assunto retomou ao Twitter, com perguntas a surgir relacionadas com uma eventual participação de Zhao no Board of Directors do Twitter, bem como da sua relação com Elon Musk (sim, novamente), mas desta vez a questão foi colocada do ponto de vista pessoal, no sentido de perceber se eram amigos.

A resposta à primeira questão foi simples, bem como a maioria das respostas que o CEO da Binance deu aos jornalistas, tendo mencionado que é Elon o responsável pelas decisões relacionadas com o Board of Directors e que, neste momento, não está nem preocupado nem disponível para este tipo de assuntos. Com humor à mistura, respondeu à segunda questão dizendo que apenas compensaria conviver com Elon, com quem nunca esteve pessoalmente, caso o mesmo fosse um bom bebedor.

Questionado sobre a importância da legislação e regulamentos relacionados com as moedas digitais, Zhao foi claro ao dizer que o assunto em causa não é uma questão de decisão ou escolha, mas sim de obrigação em cumprir.

Relativamente à presença nos Países Baixos e em Portugal, na sequência de questões feitas relativas às taxas aplicadas nestes países e à evolução da Binance nos mesmos, Changpeng mencionou que, em cada país, devido às diferentes características, a velocidade de sucesso da Binance vai variando. Acrescentou ainda que, após ter jantado com Carlos Moedas e com o Ministro da Economia Português, foram discutidas as possibilidades da Binance ter um escritório em Lisboa, bem como as legislações em vigor em Portugal.

Para terminar a conferência de imprensa, questionado sobre as sanções a utilizadores russos, mencionou que a Binance não é contra nenhum povo, mas sim contra a guerra. Terminou dizendo que não cabe à Binance decidir assuntos como este.

Conferência de Imprensa com Javier Tebas, CEO da LaLiga

Chegado à sala de imprensa acompanhado de um tradutor, Javier Tebas começou por considerar positiva a candidatura conjunta de Portugal e Espanha ao Mundial de 2030, acrescentando que, tendo em conta a história de ambos os países, é uma “candidatura vencedora”.

O tema seguinte juntou futebol e tecnologia. Questionado sobre a modernização de tudo o que envolve o futebol, especialmente o papel das redes sociais dos jogadores, Javier Tebas mencionou que, segundo um estudo feito pela LaLiga sobre a influência comportamental das partilhas feitas nas redes sociais, os jovens são os maiores “afetados”, o que é positivo, porque são o futuro do futebol.

Seguiu-se o primeiro tema quente da conferência de imprensa, relacionado com as normas de sustentabilidade financeira da UEFA. Javier Tebas vê-as como positivas, mas acrescenta que as mesmas podiam ter chegado mais longe, esperando que o tempo ajude a atingir tal nível. Contudo, mencionou que não basta apenas ter as normas no papel, “é preciso fazê-las cumprir”, referindo que PSG e Man. City deveriam ter sido ainda mais sancionados.

O tema que se seguiu já era esperado: Superliga. A mensagem de Javier Tebas foi simples e direta: “espero que o CEO da Superliga acorde do sonho!” Acrescentou ainda que é preciso explicar com educação ao CEO da Superliga os problemas relacionados com a realização da mesma, adiantando que é preciso ser-se cauteloso a falar com pessoas sem experiência no mundo do futebol.

Da Superliga para os ‘super’ presidentes dos clubes, Tebas considera que o problema não está em certos clubes terem presidentes do Qatar, Abu Dhabi e Arábia Saudita, entre outros. O problema, segundo o mesmo, é estes clubes arranjarem patrocínios fictícios para contornar políticas. Um exemplo que deu foi o do Manchester City. Não consegue perceber como é que o clube inglês recebe tanto investimento, proveniente dos patrocinadores, quanto o seu rival Manchester United, mas, tendo um custo com as infraestruturas inferior, apresenta lucros menores. “Algo não está certo.”

Já depois da hora, sem que Javier Tebas se opusesse a tal, uma das jornalistas presentes, introduzindo a sua questão como “uma questão sobre futebol puro”, questionou Tebas sobre quem é, para o mesmo, o melhor jogador do mundo. Tebas, sem hesitação, respondeu “Messi”.

Conferência de Imprensa de Paddy Cosgrave, CEO da Web Summit

Uma das conferências mais aguardadas da Web Summit era a do seu CEO. Paddy Cosgrave apresentou-se aos jornalistas com uma mensagem positiva: “É um prazer estar de volta aqui!”

Acrescentou que, há uns meses atrás, a realização do evento esteve em dúvida, mas que graças aos esforços conjuntos da sua equipa, que o orgulha pela qualidade demonstrada, mas também do excelente trabalho das forças de segurança portuguesas (PSP, nomeadamente), foi possível organizar um evento “complexo e sem precedentes no que diz respeito ao número de pessoas”.

Avançando para a edição deste ano, começou por referir que não é comum ter alguém como a primeira-dama da Ucrânia num evento como a Web Summit. Em resposta a um jornalista, mantendo-se no ritmo elevado de elogios à cidade de Lisboa, confessou que a capital portuguesa é, neste momento, um centro de inovação tecnológica e que foi a cidade que fez da Web Summit um evento de renome mundial. Comparou ainda Portugal, tendo em conta as várias cidades que, segundo o mesmo, estão em expansão, à ‘Califórnia da Europa’.

Quanto a planos para o futuro, Paddy espera que a edição do próximo ano volte a atingir o máximo de capacidade possível. Em termos de expansão internacional da Web Summit, para além da sua ‘irmã’ Collision no Canadá, o CEO da Web Summit espera que o evento seja mais global no futuro, tendo já tido conversações com a deleção do Dubai, com Hong Kong para um regresso da Rise em 2024 e para uma eventual Web Summit em África em 2025, 2026. Está também ainda em aberta a possibilidade da realização de um evento da dimensão da Web Summit em Beijing, cidade que acolheu em 2008 os Jogos Olímpicos.

Na saga de críticas que foram feitas já por várias vezes à organização da Web Summit, relativas a convidados das edições realizadas ao longo dos anos, Paddy Cosgrave fez uma analogia com o Spotify. Referiu que a plataforma também tem muito conteúdo que os utilizadores não ouvem, pelo que uma conferência também não tem apenas talks perfeitas, é preciso escolher o que ouvir. Acrescentou ainda que é normal e saudável os participantes da Web Summit discordarem uns dos outros e mencionou que lhe foi pedido que Noam Chomsky não estivesse presente na Web Summit, pedido ao qual o mesmo respondeu perentoriamente com ‘Nem pensar!’.

Regressando aos planos para o futuro, Paddy começou por mencionar que, já este ano, e apesar dos mais de 71 mil participantes, houve quem viesse para Lisboa sem ter bilhete para a Web Summit, o que demonstra o interesse pelo evento. Espera ainda que a Web Summit permaneça em Lisboa para além de 2028, ano em que termina o acordo estabelecido em 2018 para a realização do evento por 10 anos na capital portuguesa.

Para terminar, e à semelhança do que tinha acontecido na conferência de imprensa do CEO da Binance, Paddy, questionado sobre a aquisição do Twitter por parte de Elon Musk, considerou o acontecimento como o “melhor show do mundo” neste momento.

 

João Pires, José Magalhães, Pedro Pacheco

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