NOS Primavera Sound 2014 – A consagração de Caetano Veloso e a estreia de Kendrick Lamar (Dia 1)

nps_copyright_hugo_lima-10As portas da terceira edição do Nos Primavera Sound abriram às 16h e por volta dessa altura já haviam muitas pessoas ansiosas na entrada a aguardar por esse momento. Além dos concertos que se vão realizar mais tarde, há também muito a descobrir neste Parque da Cidade transformado em recinto de festival. Para quem entra pela primeira vez neste espaço, é necessário fazer o reconhecimento para descobrir a localização dos palcos, bem como de outros locais que com o decorrer do dia se vão tornar bastante úteis. Uns metros à frente da entrada, deparámo-nos com a zona da restauração. Nesta área é possível comer de tudo um pouco. Às já habituais fatias de pizza, hamburgueres, kebabs e pães com chouriço, juntam-se também as francesinhas, sandes de queijo da serra da estrela e sandes de carne argentina, entre outras. A oferta é imensa e inclui alguns dos mais emblemáticos espaços de petiscos do Porto, como a Padaria Ribeiro, a Casa Guedes, a Conga e a Quinta dos Fumeiros, só para mencionar alguns. Claro que também não faltam barracas da super bebida preferida dos festivaleiros que nos vai acompanhar ao longo destes dias, mas para quem pretende matar a sede com algo mais requintado, também é possível escolher caipirinhas e copos de bom vinho, como se estivéssemos numa rua qualquer da baixa da cidade. Também não faltam os brindes, que apesar de não serem em tão grande variedade, como naqueles festivais onde as pessoas vão só para dizerem que foram, são bastante mais úteis. Ou não fossem esses brindes uma fita com a programação e outras informações úteis, uma capa para a chuva que ameaçava cair ao longo da noite, e uma bolsa que se transforma numa toalha de piquenique para permitir que repousemos sentados sem sujar aquela calça de ganga que nos assenta tão bem.

nps_copyright_hugo_lima-67Continuando o passeio pelo parque, seguem-se os dois palcos que vão estar em acção neste primeiro dia. Estrategicamente colocados lado a lado e numa zona que é um verdadeiro anfiteatro natural, fazendo lembrar Paredes de Coura, permitem que os concertos decorram quase consecutivamente e que ninguém se queixe que não conseguiu ver o concerto porque tinha um estrangeiro de dois metros de altura à frente. Espaço é coisa que não falta, e a vista para os palcos é bonita de onde quer que se esteja. O ambiente é tranquilo e agradável, podendo ser prescrito para todas as idades. É fácil nos cruzarmos com pessoas que dentro de uma década já vão estar a gozar a reforma, ou com rebentos que passeiam num carro ecológico movimentado pela força orgulhosa dos pais. Especialmente neste primeiro dia, era ainda mais previsível notar que íamos encontrar pessoas de diferentes faixas etárias, muito em parte por culpa de um senhor chamado Caetano Veloso e de um rapaz com o nome de Kendrick Lamar.

Às 18h coube então a honra de abrir o festival ao conjunto de músicos portugueses que se dá a conhecer pelo nome de Os da Cidade. António Zambujo, João Salcedo, Miguel Araújo e Ricardo Cruz, músicos com origens musicais e artísticas bastantes diferentes, encontraram-se para tocarem um punhado de canções inéditas e algumas músicas conhecidas do panorama musical português como as “Dunas” e “Não Há Estrelas No Céu”. Foi num ambiente descontraído que este grupo de amigos se juntou para tocar e estrear o palco principal do festival.

nps_copyright_hugo_lima-36Em seguida foi apenas necessário dar um pequeno salto até ao palco Super Bock para absorver o folk rock do brasileiro Rodrigo Amarante. Após dois concertos na capital nos dias anteriores, o ex-Los Hermanos apresentou ao público do Porto o seu trabalho a solo lançado no ano passado intitulado “Cavalo”. A música que dá o nome ao álbum, “Fall Asleep”, “Maná” e “The Ribbon” foram dos momentos mais marcantes desta actuação que terá ficado na memória de todos os que a presenciaram.

Perto das 20h subiram ao palco os texanos Spoon. A banda de Britt Daniel conta já com uma discografia extensa, mas o concerto não deslumbrou. Talvez por não ter um público muito conhecedor do seu reportório, a banda norte-americana teve algumas dificuldades em captar a atenção dos presentes. Por esta altura já caía a noite e apenas agora o recinto começava a ficar composto, em parte por ser um dia de trabalho para muito boa gente. As nuvens teimavam em fazer-nos companhia.

Seguiu-se a Synthpop da californiana multifacetada Sky Ferreira. A cantora, compositora, modelo e actriz de remota ascendência portuguesa e brasileira, teve uma falange de jovens fãs nas primeiras filas que vibraram com a sua actuação. Com influências da pop dos anos 80, a menina rebelde do batom vermelho cumpriu, especialmente com os temas mais conhecidos do seu álbum de estreia “Night Time, My Time”.

nps_copyright_hugo_lima-159Já com a lua a pairar pelo parque da cidade, Caetano Veloso subiu ao palco Nos. Sem dúvida um dos momentos mais aguardados da noite mais luso-brasileira do festival. E arrancou a todo o gás com “A Bossa Nova é foda”. Momentos depois foi tempo de “abraçar” todos os presentes. Na companhia de uma banda Cê muito consistente, Caetano Veloso mostrou porque é um dos maiores músicos da língua portuguesa. Ao longo de quase 2 horas, o brasileiro conseguiu colocar pessoas de todas as idades a dançar e a cantar, num momento raro num festival. E apesar de ser num espaço ao ar livre, conseguiu transformar o concerto num momento íntimo. Num espectáculo que pouco fugiu ao que foi registado no dvd “Abraçaço”, nota para a escapadela com o tema “Leãozinho”. Pelo meio ouve tempo para Caetano rebolar no palco durante “Homem” e para escutar “Reconvexo”, a música que compôs para a sua irmã Maria Bethânia. Para encerrar o concerto mais marcante do dia, “A Luz de Tieta” cantada em perfeita harmonia com o público.

Depois as meninas californianas Haim iniciaram o sua performance no palco Super Bock com o tema “Falling”, um dos mais conhecidos por cá. Durante 1 hora, mostraram o seu trabalho de estreia “Days Are Gone” que catapultou as irmãs Este, Danielle e Alana Haim, para a ribalta. Quase a terminar, foi a vez de escutar o pop rock dos singles “Forever” e “The Wire”.

nps_copyright_hugo_lima-211A noite continuou com a estreia em Portugal do rapper norte-americano Kendrick Lamar que durante apenas cerca de 60 minutos mostrou as suas rimas colocando o público de braços no ar a acompanhar as batidas. Sendo um género musical que foge um pouco ao adn do festival, contou com muitos admiradores que se terão deslocado propositadamente até ao Parque da Cidade apenas para o escutar. Fazendo-se acompanhar por uma banda, o rapper, que a par de outros nomes da actualidade, é considerado o futuro do hip hop, não defraudou as expectativas. Os muitos fãs que estavam principalmente nas primeiras filas acompanharam de forma entusiástica a actuação. “Bitch Don’t Kill My Vibe”, “Fucking Problems”, “M.A.A.d City” e “Swimming Pools (Drank)” foram dos temas que mais reacção obtiveram. Alternando entre temas suaves e agressivos e comunicando sempre com os presentes, acabou por conquistar toda a gente que respondeu com braços no ar e saltos à mistura. No final da actuação curta e segura, Kendrick Lamar prometeu voltar.

Com a queda de alguns chuviscos e 20 minutos de espera, isto apesar de terem entrado em palco à hora programada, os australianos Jagwar Ma já tiveram uma audiência mais reduzida. Numa toada muito electrónica e pouco entusiasmante, a audiência demorou a reagir. Mais perto do final e já com a ajuda de Stella Mozgawa, baterista de Warpaint, conseguiram com que o público dançasse ao som da sua pop electrónica. Os temas mais escutados nas rádios nacioanais “Come Save Me” e “The Throw” serviram para encerrar este primeiro dia de Primavera.

Contas feitas no final, 22.000 pessoas receberam o abraço do Caetano Veloso e as primeiras batidas do rapper Kendrick Lamar em solo português, num final de dia nublado onde a chuva só compareceu tardiamente e de forma tímida.

Na nossa página no facebook podes visualizar mais fotografias deste primeiro dia.

Texto: Tiago Cavaleiro
Fotos: Hugo Lima (Nos Primavera Sound)

Rodrigo Amarante setlist (Primavera Sound 2014 Barcelona):nps_copyright_hugo_lima-39
Nada em vão
I’m Ready
O Cometa
Mon Nom
Cavalo
Fall Asleep
Tardei
Idle Eyes
Irene
Pode Ser
Hourglass
Maná
The Ribbon

Spoon setlist (Primavera Sound 2014 Barcelona):nps_copyright_hugo_lima-093
Don’t You Evah
Small Stakes
I Turn My Camera On
Don’t Make Me a Target
Anything You Want
The Ghost of You Lingers
Rhthm & Soul
Who Makes Your Money
The Way We Get By
Trouble Comes Running
I Summon You
Rainy Taxi
You Got Yr. Cherry Bomb
Got Nuffin
The Underdog
Jonathon Fisk

Sky Ferreira setlist (Primavera Sound 2014 Porto):nps_copyright_hugo_lima-140
24 Hours
Ain’t Your Right
Boys
Omanko
I Blame Myself
Lost In My Bedroom
Heavy Metal Heart
Love In Stereo
I Will
I Can’t Say No to Myself
Everything Is Embarrassing
You’re Not the One

Caetano Veloso setlist (Primavera Sound 2014 Porto):nps_copyright_hugo_lima-145
A Bossa Nova é foda
Baby
Abraçaço
Parabéns
Homem
Triste Bahia
Estou triste
Odeio
Escapulário
Funk melódico
Alguém cantando
Quero ser justo
O Império da Lei
Reconvexo
Você Não Entende Nada
Encore:
Desde que o samba é samba
Nine Out of  Ten
Tonada de luna llena
A luz de Tieta

Haim setlist (Primavera Sound 2014 Porto):nps_copyright_hugo_lima-194
Falling
If I Could Change Your Mind
Oh Well (Fleetwood Mac cover)
Honey & I
My Song 5
Running If You Call My Name
Don’t Save Me
Forever
The Wire
Let Me Go

Kendrick Lamar setlist (Primavera Sound 2014 Barcelona):nps_copyright_hugo_lima-217
Money Trees
Backseat Freestyle
m.A.A.d city
Art of Peer Pressure (1 verse)
Swimming Pools (Drank)
Bitch, Don’t Kill My Vibe
Poetic Justice
Hail Mary (2Pac Cover Chorus)
Real
Sing About Me, I’m Dying of Thirst
Compton

Jagwar Ma setlist (Primavera Sound 2014 Porto):nps_copyright_hugo_lima-230
What Love
Uncertainty
Man I Need
Exercise
Let Her Go
Come Save Me (with Stella Mogzawa from Warpaint)
Four (with Stella Mogzawa from Warpaint)
The Throw (with Stella Mogzawa from Warpaint)

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