Opinião: “What is New Media?” – Lev Manovich

The Language of New Media, pelo autor Lev Manovich, é caracterizado por uma linguagem técnica e por uma perspectiva fundamentada. O capítulo alvo de análise crítica neste artigo será What is New Media?, abrindo debate para o que é ou não New Media nos anos 1830. Este tema tem alguma relevância pois vivemos numa era dominada pelas tecnologias, como o computador, objecto que teve um papel principal no início dos New Media e que veio desvalorizar o jornal impresso, as revistas, a televisão e a rádio.

O autor, Lev Manovich Moscou, que nasceu em 1960 é, atualmente, crítico de cinema e professor universitário estabelecido nos Estados Unidos. É, também, pesquisador nas áreas de new media, digital media, design e estudos do software (software studies). Autor de mais de 90 artigos reproduzidos, mais de 300 vezes, em vários países.

Apresentando várias razões para acreditar numa transformação sólida dos Media, o autor enumera os princípios que levaram os seguintes objetos a fazerem parte dos New Media: a automação de high e low level, as representações numéricas, as funções algorítmicas, a modulação e as variáveis que poderão resultar num contínuo código discreto.

O computador, como um dos principais objetos dos new media, é obrigado a ter um conjunto diferente de variáveis para satisfazer os requisitos de cada utilizador. Os princípios da variabilidade incluem uma base de dados, a interatividade ramificada, a hypermedia (conexão de elementos por hyperlinks) e atualizações periódicas automáticas. Assim, sempre que utilizado, o computador sofre constantes mutações, estando muito próximo da automação, onde o homem é cada vez menos necessário.

Charles Babbage concebe uma máquina de cálculo movida a vapor que seria capaz de calcular tabelas de números pela primeira vez na história.

Hoje em dia, todos somos navegadores assíduos da internet e as publicidades estão constantemente a alterar de acordo com a(s) página(s) visualizada(s), transmitindo a ideia que a sociedade é formada por indivíduos com personalidades diferentes, enquanto que o jornal impresso contém uma publicidade igual para todos os exemplares da mesma edição. Para além disto, o programador tenta sempre usar variáveis em vez de constantes, sendo a transcodificação a consequência da computação, na qual a camada do hardware influencia a camada cultural e vice-versa. Assim, a New Media pode assemelhar-se aos Media, mas ultrapassa-os quanticamente.

O que não se inclui nos New Media são os media analógicos, já que, ao contrário da opção do acesso randomizado que é possível através do computador, estes perdem informação ao longo do tempo. No mesmo capítulo, Manovich assume a superioridade da imagem vetorizada relativamente à imagem pixelizada, para argumentar contra o mito digital, que defende que quanto mais edição a imagem tiver menos qualidade possuirá. Relativamente à interatividade, informáticos afirmam a existência de maior poder de uma imagem digital visualizada através de um computador do que da mesma imagem impressa e afixada num galeria de arte, devido às ínfimas formas de interação digital.

Considerando a quantidade de argumentos que são apresentados no tópico How Media got New, Manovich assume uma posição consistente e argumentativa, mostrando como o acontecimento de 19 de Agosto de 1839, onde é apresentado o DAguerotipe, assim como o exemplo de Charles Babage, que em 1833 desenhou o motor Analítico, são índices/princípios para uma nova era.

Em suma, o autor demonstra através de vários argumentos a viabilidade, a capacidade e a potencialidade do computador como parte integrante dos Media, e com isto, a inevitável comparação com as diferentes formas de media anteriores e ainda existentes. Considero que a posição do autor seja a de defender a eficácia dos New Media na prospecção artística a nível individual e colectivo e, acredito, ainda, que apenas com uma envolvência digital consigamos evoluir de forma exponencial e arrítmica, como se tem verificado até então.

 

Paulo Senra

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