Opinião: “O carteiro de Pablo Neruda” – António Skármeta

Ao passaporte desta viagem também se pode chamar “O Carteiro de Pablo Neruda” de António Skármeta, autor chileno galardoado com os mais distintos prémios como: Prémio Internacional de Literatura Bocaccio; Prémio Nacional de Literatura do Chile. Esta obra, para além de ter demorado 14 anos a ser escrita, é a sua Magnum Opus.

“O carteiro de Pablo Neruda” aborda o poder que as palavras transmitem, a beleza de vestir as palavras de metáforas e o assassinato que é explicar poesia, enfatizando que esta última não pertence a quem a escreve, mas sim a quem precisa dela.

Através de uma história tão original como envolvente, António Skarméta consegue traçar um intenso retrato de convulsa da década de 70 no país andino, assim como a recriação da vida poética de Pablo Neruda, um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1971.

A história em si é um verdadeiro hino à liberdade, e transmite através de duas personagens, Pablo Neruda e Mário Jiménez, que nunca é tarde para mudar de vida ou para aprender algo de novo. Só é necessário ter a curiosidade e a persistência na equação para que se torne realidade.

Mário Jiménez é mais um no meio de tantos outros que, na Ilha onde a atividade piscatória é rainha, se encontram confinados às finas redes de pesca, nas quais a maioria se entrelaça e de lá não consegue sair. Contudo, decide tornar-se carteiro, sendo que a única correspondência era destinada ao poeta Pablo Neruda que se encontrava exilado na ilha Negra.

A admiração de Mário por Neruda é notória, sendo que ambos estabelecem uma relação muito peculiar – é nas palavras que ambos encontram harmonia, e as metáforas nos versos que compõem os poemas de Neruda acabam por se tornar o combustível para Mário percorrer a ilha de bicicleta, de forma a ir ao encontro deste professor da poesia da vida.

As metáforas aprendidas por Mário são os ramos de flores à sua amada Beatriz González, que a todo o custo tenta conquistar o seu sorriso. Será que vai ter sucesso com casamento incluído?

Se quiseres saber o parágrafo final desta história, veste-te a rigor para mergulhares a fundo nesta história, de olhos bem abertos, para não perderes a reviravolta de voltar à superfície com uma nova perspetiva sobre a vida, mais poética, como não poderia deixar de ser.

Para comprovares o cenário que se pintou na tua mente após este cheirinho de história, deixamos-te a película a cores da versão cinematográfica desta história:

Boas leituras!

Maria Alves da Silva

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