Fantasporto: 40 Anos de Resiliência

O dia 8 de março marcou o fim da 40ª edição do Fantasporto, o festival internacional de cinema do Porto. A festa do cinema durou quase duas semanas, no Teatro Rivoli, e apresentou ao público diferentes culturas cinematográficas. Ghostmaster, de Paul Young, venceu o Grande Prémio de Melhor Filme.

Fonte da imagem: Fantasporto

 

A principal distinção da edição de 2020 do Fantasporto foi entregue à produção japonesa Ghostmaster, realizada por Paul Young e escrita por Ichirô Kusuno. O filme de comédia e gore, inspirado na Manga japonesa, representou a influência do cinema asiático nesta 40ª edição do festival que teve início no dia 25 de fevereiro e contou com mais de 70 exibições e uma exposição de holografia.

Na conferência de imprensa de antevisão do Fantasporto, Mário Dorminsky e Beatriz Pacheco Pereira, co-fundadores do festival, destacaram a proximidade entre o público, os atores e os realizadores como uma mais-valia do mesmo. Pondo de parte a necessidade da presença de grandes estrelas para a dinamização da mostra de cinema, optaram por realçar o grande número de filmes do sudeste asiático. Para além de um ciclo de documentários e ficção de Taiwan, intitulado de Taiwan Retro – The Wheel of Fortune, o programa da 40ª edição contou com produções sul-coreanas como Fallen, de Lee Jung-Sub, ou Bring Me Home, de Seung-Woo Kim. A atriz filipina Christine Reyes foi distinguida com o prémio de Melhor Atriz pela sua performance em Untrue, tendo Roderick Cabrido, também filipino, arrecadado o prémio de Melhor Realizador, por Clarita.

A mistura de culturas foi um dos elementos mais destacados por Beatriz Pacheco Pereira. A seleção, desde o filme sueco e dinamarquês Koko-Di Koko-Da (vencedor do prémio de Melhor Ator, entregue a Leif Edlund) à produção do Curdistão Iraquiano Cry of the Sky, permitiu ao público contactar com realidades cinematográficas e culturais distintas, diferentes das comummente conhecidas em Portugal. Esta aproximação cultural ficou ainda mais marcada pelo contacto entre o público e os autores dos filmes. Foram muitos os realizadores e atores que se deslocaram até ao Porto para poderem estar presentes no festival, tendo-se mostrado sempre disponíveis para responder a perguntas e tirar fotografias com os espectadores. A equipa de Fallen foi até destacada com uma Menção Honrosa, em parte pela sua disponibilidade e proximidade com o público.

Na Semana dos Realizadores, competição de filmes fora do género do Fantástico, identitário do Fantasporto, Willow venceu o Grande Prémio Manoel de Oliveira, sendo a segunda vez em três anos que o realizador Milcho Manchevski recebe esta distinção. Béla Bagoti venceu os prémios de Melhor Realizador e Melhor Argumento, por Valan – Valey of the Angels. No Prémio Cinema Português, a EPI/ETIC venceu o prémio de Melhor Escola, e Bunker, de João Estrada, o prémio de Melhor Filme. Estas distinções visam reconhecer aquela que, segundo Beatriz Pacheco Pereira, é a crescente qualidade dos filmes produzidos pelas escolas portuguesas de cinema. Foram oito as escolas a concurso nesta edição. Ainda assim, a co-fundadora do Fantasporto chamou à atenção da falta de conhecimento literário e sobre o cinema clássico, por parte dos alunos portugueses de cinema.

Embora com constrangimentos ao nível de financiamento e de espaço, o Fantasporto assinalou os seus 40 anos com muito público, entusiástico e interessado. Dinamizando uma festa do cinema e das histórias originais, provou que o interesse sobre a sétima arte existe no Porto. Mostrou ainda que os filmes conseguem aproximar culturas e realidades distantes. É a paixão pelo cinema que move o Fantasporto e é esta paixão que o faz resistir há já 40 anos.

 

Marco Teixeira

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