Reportagem SonicBlast Moledo 2018

O mote foi lançado há oito anos. Sol, praia, surf, skate, piscina e muito rock. O SonicBlast Moledo voltou nos dias 10 e 11 de agosto até Moledo do Minho em Caminha, Viana do Castelo.

Esgotado pelo terceiro ano consecutivo, este festival é neste momento um local de culto internacional do stoner, psych e doom rock. O peso sónico foi sentido logo à chegada quando os portugueses Solar Corona abriram o palco da piscina aquecendo os festivaleiros para aquela que seria uma longa peregrinação que iria durar noite dentro. Depois, os portuenses Astrodome pegavam na batuta que definia a palpitação cósmica e a todos envolveram com os ritmos do seu novo disco, “II”.

Durante o lusco-fusco, no palco principal, os italianos Ufomammut inebriavam violentamente o público que estava sedento desta atmosfera. O seu doom rock muito característico sugou largas doses de energia a uma plateia totalmente hipnotizada.

Mais tarde, fomos impactados com os ares desérticos dos norte-americanos Nebula que antecederam a grande atração do primeiro dia do festival, os dinamarqueses Causa Sui. A organização do SonicBlast finalmente realizou o desejo antigo daqueles que não falham nenhum ano. O psych rock nórdico criou um vortex fervilhante logo nos primeiros acordes do concerto. Abriram com “Homage” que ditou a rendição total durante toda a atuação.  A amálgama de emoções sentida no concerto assinalou o momento mais alto da história do festival.

Vindos da Alemanha, o trio Samsara Blues Experiment, que já fora um quarteto, voltou a Moledo, renovado, mas igualmente psicadélico, delirante e vigoroso. Voltaram para intensificar as brisas cósmicas deixadas pelos Causa Sui com poderosos riffs e majestosos movimentos sónicos de baixo.

O segundo dia foi marcado pela estreia dos gregos Naxatras, pelo regresso dos Atomic Bitchwax e Kadavar e ainda o concerto galático dos Earthless.

A performance do trio helénico foi uma das melhores surpresas de todo o SonicBlast. Era grande a expectativa para ouvir a nova geração do psych rock e estes arrebataram com vibrações magnéticas todos os curiosos.  Criaram uma atmosfera sedutora e xamanista que convidava à imaginação e meditação.

De regresso a Moledo estiveram os norte-americanos de Nova Jersey, The Atomic Bitchwax. Durante a sua performance o recinto principal transformou-se num deserto quente e árido onde fomos à boleia da chopper musical até a um lugar energético, mas por vezes estridente.

Também de regresso estiveram os germânicos Kadavar, o trio de heavy rock não desperdiçou um segundo de entusiasmo do público e durante o seu concerto todos fomos vikings descontrolados a marchar noite dentro atrás de riffs brutos e potentes que nos deixaram ofegantes ainda o concerto ia a metade.

Aproximava-se o momento pelo qual a legião de Moledo muito ansiava. Os Earthless, banda californiana, subia ao palco e ao mesmo tempo toda a plateia enchia-se de regozijo. Principiaram com a mítica “Uluru Rock” do álbum “From the Ages” de 2003, um dos seus hinos. O virtuoso guitarrista Isaiah Mitchell manipulou as seis cordas como nunca ninguém tinha assitido em todas as edições do SonicBlast com solos complexos e duradouros que se eternizaram nas nossas mentes. Destaque para o cover de Led Zeppelin, já no encore, que a todos surpreendeu dada a mestria e ousadia da escolha.

No final do festival as pernas falhavam mas o gaúdio era geral. A edição de 2018 do SonicBlast Moledo vincula-se como a melhor da sua história.

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Joao Fonseca e Manuel Fernandes

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