10 álbuns que marcaram 2016

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David Bowie – Blackstar

No ano em que deixa a Terra e viaja para o seu planeta, (Marte, quem sabe), David Bowie entrega como seu último suspiro o álbum “Blackstar”. Entre batidas fragmentadas, o delicioso som do saxofone e a sua voz inconfundível, Bowie entrega-nos a uma outra dimensão, densa e melancólica, que nos dava já uma premonição do fim da sua jornada. Bowie foi encontrar “Life on Mars”, mas pelo menos deixou-nos a sua “Blackstar”.

Rita Costa Marinho

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Bon Iver – 22, A Million

Fantástico. Extraordinário, muito experimental, que rima com genial. Um álbum que parece saído de outro mundo…. Completamente diferente do que Vernon alguma vez fez, mais parecido com James Blake. Estes dois génios fizeram uma música os dois… Lindíssima. ” I Need A Forest Fire”. Este novo álbum de Bon Iver é muito parecido, em termos de estilo, se é que se pode chamar assim. Em termos de sensibilidade parece-me mais acertado, talvez. É sobre o tempo. Torna-se complicado falar sobre ele, porque está tudo genial na verdade, então acabo por me repetir muito nos adjetivos para o caracterizar. Não só as letras, como os sons, como a parte gráfica dos próprios vídeos. Ficam na cabeça para sempre, pela maneira como estão feitos, muitíssimo bem conseguidos. É um álbum absurdo, não só pela sua estranheza, como pela sua espetacularidade.

Catarina Freitas

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Alex Cameron – Jumping The Shark

O australiano Alex Cameron (Al  Cam para os amigos), mais conhecido pelo seu trabalho no trio Seekae, estreou o seu projeto a solo (com o seu grande amigo Roy Malloy) com o álbum “Jumping The Shark”. Este trabalho é uma reflexão sobre vários aspetos da vida de Al Cam, num tom nonsense, cantados sobre um instrumental simples mas convincente culminando num dos mais (ou até mesmo no mais) revoltados projetos de synth pop de que há memória (como podemos observar pela sua atuação extra no SXSW ). Pontos positivos também para as excêntricas danças de Cameron nos videoclips dos seus singles.

Francisco Lobo de Ávila

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Samuel Úria – Carga de Ombro

Samuel Úria não é uma cara nova no panorama da música nacional mas são discos como Carga de Ombro que cimentam e realçam a importância deste cantautor para a nossa música. Antes de ouvir o álbum é necessário ter em mente que não vamos encontrar baladas do estilo de “Lenço Enxuto” ou “Espalha Brasas” pois para a maior parte do disco Úria faz algo ritmicamente mais próximo de Xungaria No Céu (uma “super banda” da qual faz parte) e do primeiro álbum liricamente faz o que melhor sabe…encantar. O single “É Preciso Que Eu Diminua” é uma das melhores músicas portuguesas do ano, apesar de “Carga de Ombro”, “Palavra Impasse” e “Ei-lo” não poderem ser ignoradas.

Francisco Lobo de Ávila

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Anderson .Paak – Malibu

O segundo grande projeto do californiano Anderson Paak foi uma surpresa e a cereja no topo do bolo do melhor ano da sua carreira musical. O álbum conta com participações de The Game, Schoolboy Q e BJ The Chicago Kid. A fusão entre R&B, jazz, hip-hop e soul tornam o projeto muito interessante e agradável para ouvir a qualquer momento ou estado de espírito. (Queremos mais anos destes, Anderson!!!)

Tiago Pintão

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Kanye West – The Life Of Pablo

Primeiro estranha-se. Depois entranha-se. Tem sido esta a sensação com que ficamos dos últimos álbuns de Kanye West. O rapper americano lançou este ano “The Life of Pablo”, o seu 7º álbum a solo, que caiu que nem uma bomba na cultura de hip hop mundial. Depois de mudar o nome do álbum diversas vezes (So Help Me God, SWISH, Waves), o projeto final T.L.O.P. foi revelado e foi de imediato considerado um dos melhores álbuns do artista. Conta com participações de peso de Sia, Vic Mensa, Frank Ocean e Chance the Rapper. O imprevisível ‘Ye construíu um álbum que numa primeira impressão pode parecer confuso, mas que após uns momentos comprova a veia de génio do artista. Podia viver o resto da minha vida com projetos destes a serem lançados anualmente.

Tiago Pintão

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Nicolas Jaar – Sirens

Como todos os grandes álbuns, “Sirens” nas primeiras audições não soa familiar, mas pouco depois torna-se num vício diário. No segundo LP de Nicolas Jaar, o artista Chileno Americano brinda-nos com sons transcendentes, fantásticos e unicamente conjugados. Basta ouvir os últimos 45 segundos do álbum para perceber o porquê de este ser um dos mais marcantes de 2016. São 45 segundos que se revelam tão misteriosos e de uma beleza musical intemporal, que nos faz amar o estilo de Jaar. Nas entranhas da faixa “No” e na própria capa do disco, com a frase “Ya dijimos no pero el si esta en todo”, é de notar a forte conotação política do disco. Referindo-se à ditadura de Pinochet nos anos 70 e ao referendo de 1988 que terminaria o regime. O povo Chileno votou “no” mas pouco ou nada mudou. Os 41 minutos levam-nos numa viagem genial pela alma de Nico Jaar e pela história do seu país, cheios de sons geniais e ingénuos ao mesmo tempo, fazendo deste um dos melhores álbuns de 2016!

André Alves

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Radiohead – A Moon Shaped Pool

Nono trabalho da banda do Reino Unido e um dos melhores trabalhos realizados em 2016. Um álbum muito sutil e suave que por vezes tem sido (erroneamente) confundido como sendo minimal. Classifico este álbum como um mantra hipnótico onde Thom Yorke e companhia seguem um caminho sombrio, doloroso e triste bem presente na faixa “Daydreaming” e respetivo videoclip, realizado por Paul Thomas Anderson.

João Fonseca

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Augustine Azul – Lombramorfose

O trio brasileiro leva-nos para um carrossel de emoções onde não existem paragens para recuperar o fôlego. O stoner, psych e prog rock estão bem presentes pela totalidade do seu frenético trabalho. A faixa “Mamatica” é um tumulto prazeroso onde nos deixamos levar até João Pessoa (Brasil) e voltar em pouco mais de 4 minutos.

João Fonseca

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Nick Cave & The Bad Seeds – Skeleton Tree

Este aĺbum é materialização da dor. Falar dele é uma tarefa que pecará sempre por escassa. Nick Cave expôs toda a sua coragem e transcendência no seu mais recente trabalho após a perda do filho de 15 anos numa queda de uma falésia em Brighton. Paradoxalmente, um dos melhores álbuns do ano merece uma escuta com pouca frequência, tal é o tom negro, desanimado e a severa tensão na voz de Nick (“Jesus Alone”) nesta obra de arte dramática.

João Fonseca

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