REPORTAGEM REVERENCE VALADA 2016

Chegou ao fim a terceira edição do Reverence Valada, este que tem sido um local obrigatório para os milhares de peregrinos do Stoner e Psych Rock. Contudo, a edição deste ano deu preferência às sonoridades do Post-punk e do Shoegaze. Após duas edições anteriores onde atuaram bandas como Sleep, Electric Moon, Hawkwind, Electric Wizard, Graveyard e Samsara Blues Experiment, o público de Valada na edição de 2016 pecou por escasso devido sobretudo a esta mudança que atrai outro tipo de público.

Apesar da edição deste ano ter ficado um pouco abaixo das expectativas e tendo sempre na memória o histórico ano de estreia (2014) a servir de comparação, este continua a ser um dos mais promissores festivais de rock alternativo do sul da Europa como ficou provado nos concertos de Dead Meadow, Brian Jonestown Massacre, Papir & Dr Space, Yawning Man, Oresund Space Collective e With The Dead.

Das tantas horas de concertos, aqui ficam os concertos que mais viajar fizeram o público (referir ainda que a organização teve de lidar com o infortuno cancelamento de Zone Six, The Papermoon Sessions e Killing Joke).

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Dia 9 Setembro (sexta-feira)

Papir & Dr Space

A receita original para atuar no fim de tarde do Palco Sontronics era The Papermoon Sessions (um belo projeto que junta os dinamarqueses Papir com dois membros dos Electric Moon) que não conseguiram vir a Valada. A organização encontrou a solução em Dr Space, o líder dos Oresund Space Collective, que se aglomerou a Papir e juntos ofereceram uma jam galática onde combinaram de forma alucinante as sonoridades desérticas dos Papir com a aventura espacial de Dr Space. Todo o público ficou hipnotizado e surpreendido por aquele que tinha sido o primeiro grande momento do festival.

Yawning Man

Ao cair da noite, tivemos os históricos Yawning Man, banda de Palm Desert na Califórnia que influenciou diversas bandas de stoner rock como Kyuss e Fu Manchu. O Reverence Valada já esteve marcado na agenda dos norte americanos no ano passado mas infelizmente não puderam vir. Este ano foi diferente. Os Yawning Man vieram e deram um brilhante concerto nunca saindo do seu característico Stoner Surf Rock do deserto onde são exímios. O baixo latejante impressionou assim como o dedilhar das guitarras desérticas.

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Dead Meadow

O trio de Washington (EUA) tem vindo a ser uma das bandas mais pedidas pelo público de Valada. Assim o tem sido porque o som de Dead Meadow engloba muita cor e causa anestesia a todos os que os escutam. O seu concerto foi o melhor do dia 9. A guitarra de Jason Simon foi tocada com reverência e lentidão sempre acompanhada pelo baixo de Steve Kille e a bateria de Mark Laughlin maravilhosamente nítidos naquele que foi o momento mais sedativo de todo o festival.

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Brian Jonestown Massacre

Outra das bandas mais pedidas do festival e aqueles que juntaram a maior plateia de sexta-feira. Os Brian Jonestown Massacre tocaram pela primeira vez em solo nacional com a formação completa e eram a banda mais requisitada desde a primeira edição. Não foram alguns problemas de som que fizeram com que a atuação dos BJM fosse menos bonita. Mostraram que fazem parte da história da música underground. Com uma chuva de aplausos e com a consciência de que tinham acabado de assistir a um pedaço de história, o publico de Valada despediu-se radiante de Anton Newcombe e companhia.

 

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Dia 10 Setembro (sábado)

Oresund Space Collective

Por volta das 16 horas no palco Sontronics subiram ao palco os dinamarqueses Oresund Space Collective. A banda liderada pelo carismático Dr Space – personagem que fazia lembrar um velho sábio – foi das melhores performances do último dia de Reverence. O colectivo nórdico é ferozmente comprometido a uma única ideia – a única ideia é estar aberto a todas as coisas em todo o momento. Um concerto que poderia durar entre 3 a 4 horas (tal como já aconteceu noutros concertos dos OSC) durou cerca de uma hora e esse foi o único aspecto negativo de uma das melhores bandas de space rock da atualidade. Ficou a promessa de voltarem brevemente.

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Papir

Das mesmas terras nórdicas chegaram os Papir, um trio de rock instrumental apresentaram uma série de temas onde não se prenderam a nenhum estilo específico nem tocaram trabalhos editados de início ao fim como se estivéssemos a escutar em casa. Mostraram uma enorme criatividade e tocaram temas semi-improvisados tornando único cada concerto seu.

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With The Dead

Um grupo do Reino Unido que aglomera ex-membros dos Cathedral e Electric Wizard, o resultado disto só poderia convergir em boa música e muito peso. O seu doom hipnotizou todo o público fazendo-o marchar pela batida de Alex Thomas (ex-membro de Bolt Thrower) e pela guitarra de Tim Bagshaw (ex-membro de Electric Wizard). Simplista, pesado e infernal são como descreveria o concerto dos With The Dead, os riffs penetravam cérebro adentro e voz soava satânica. Épico. Foi por isto que viemos a Valada afinal de contas.

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