NOS PRIMAVERA SOUND – REPORTAGEM 2º DIA

Reportagem de Catarina Freitas

A abrir o segundo dia do Festival esteve João Vieira, com o seu novo projeto a solo: White Haus. Novamente uma banda portuguesa a dar início aos concertos do dia, tendo atuado às 17 horas no Palco Super Bock e, pelo que parece, trazendo consigo uma surpresa. “Temos um membro novo: o João Doce! E este é o primeiro concerto dele connosco.” Muitas pessoas optaram por vir mais tarde para este segundo dia de Primavera, fazendo com que o concerto das 17 não tivesse tanta gente quanto era esperada.
Seguiram-se as actuações de Cass McCombs (músico americano que começou a sua carreira no ano de 2002, misturando rock, folk, psicadelismo, punk e alt country), Destroyer, o grupo liderado por Dan Bejar que subiu ao palco as 18h50 com a apresentação do seu novo álbum “Poison Season”, e finalmente o tão esperado Brian Wilson!

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Às 20h00, acho que podemos considerar uma das maiores enchentes do festival, e sem dúvida também uma das melhores e mais aguardadas atuações, o eterno Beach Boy prendou o público com a apresentação na íntegra do melhor disco da história Pop: “Pet Sounds” (1966). No ano de 2003, a revista Rolling Stone considerou este álbum como o segundo mais importante de todos os tempos. E foi no Porto que tivemos a oportunidade de o viver da melhor maneira possível. Em conjunto com a sua banda, Brian Wilson, que completa os seus 74 anos de vida daqui a 9 dias, provou que a idade já avançada não o impede de dar um grande espetáculo. Foi sem dúvida uma oportunidade única de ver este tão adorado ícone da história da música, de tal maneira que lágrimas não faltaram. Mas não se enganem! Também não faltou a dança, os saltinhos, a alegria, os abraços e até o crowd-surfing ao som de “Surfin´USA”! Mas é um facto que foi um concerto nostálgico e muito muito comovente. A tão desejada chegada de Brian Wilson ao palco, frágil e esforçada, tocou nos corações do público, que o louvou com vénias e gritos apaixonados. Sentou-se no piano e, ajudado por Al Jardine que cantava atrás, conseguiu conquistar-nos a todos. Êxitos como “You still believe in me”, “Don´t talk” e “God only knows” puseram os fãs e afinar (e desafinar) todos juntos. Acho que por muito que escreva, não consigo pôr em palavras o concerto comovente, sincero e tão, tão bonito que felizmente tive a oportunidade de viver. A música de Brian Wilson e dos Beach Boys sobrevive e vai sobreviver assim esperamos nós para sempre. O meu sincero obrigado.
Às 22h35 é a altura de outra das tão esperadas atuações da edição deste ano do Primavera Sound. PJ Harvey, também conhecida por Polly Jean, chega-nos no panorama do rock alternativo e trás consigo o novo álbum, “The Hope Six Demolition Project”, lançado este ano. Tão diferente do anterior concerto de Brian Wilson, Polly começa a atuação com uma marcha teatral de todos os elementos da banda. Um cenário negro e luzes espetaculares que iluminavam a artista de uma forma majestosa, imponente fizeram o público delirar. Um espetáculo sombrio, forte e extremamente belo, que recuou a um passado distante, aos horrores da Guerra, ao inferno. PJ apresentou a sua banda, um a um, e soltou ainda uma gargalhada quando viu no meio da multidão, uma mão levantada com um peixe azul. O espetáculo terminou com o tema “Wade in the Water”. Um a um, os músicos iam largando os seus instrumentos e juntando-se a Polly cantando “Wade in the water, god´s gonna trouble the water”.

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É um facto que devido aos tão esperados concertos de Brian Wilson, PJ Harvey e Beach House, todos no palco NOS, os restantes palcos não tinham tanta adesão como deviam. No entanto, isso não se aplicou no concerto dos Kiasmos. Também considerados uns dos mais aguardados artistas da noite, a banda deu um espetáculo e tanto! A dupla islandesa formada por Ólafur Arnalds e Janus Rasmussen trouxeram-nos um espetáculo espetacular em todas as vertentes, contando com um componente visual de destacar! Serviu para descarregar as energias e abanar a cabeça até ao fim, antes do concerto de outro mundo dos Beach House.

À 01h20 finalmente chegaram os Beach House, para um concerto que deixou muitos sem palavras. Com a apresentação do álbum “Depression Cherry” e “Thank your Lucky Stars”, a banda teve ainda tempo para nos presentear com temas tão adorados como “Myth”, “10 Mile Stereo” ou “Other People”. Victoria Legrand, artista que considero possuir das vozes mais espetaculares, inacreditáveis e sedutoras da atualidade, comunicou com o público de uma forma sincera e humilde. “Don’t ever lose your sensitivity”, disse ela depois de agradecer por todo o amor que recebia e de afirmar que via o coração de cada um de nós. É bem possível que sim, uma vez que a banda fez com que lhes entregássemos os nossos corações de livre e espontânea vontade, depois de nos levarem para um mundo tão distante do nosso. Um mundo tão bonito. Sem dúvida um dos melhores concertos do Festival, os Beach House conquistaram cada alma que teve o privilégio de viajar ao som da banda.

 

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