Ao Menos Não Podia Ser Pior Que Jurassic Park III; Uma Crítica de Jurassic World

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Este filme é realizado por Colin Trevorrow, é produzido Frank Marshall e Patrick Crowley, é escrito por Rick Jaffa, Amanda Silver, Derek Connolly e Colin Trevorrow, é distribuído pela Universal Pictures e estreou a 10 de Junho de 2015. Baseado no mundo criado por Michael Crichton (R.I.P.) no livro Jurassic Park.

            A última vez que vi um filme Jurassic Park foi em 2001 (o terceiro) e de lá saí profundamente deprimido (embora em retrospectiva eu fiz a decisão correcta, pois a alternativa era ver Komodo). Não só vi uma cópia inferior de Lost World, como também me acordou ao cinismo da mentalidade corporativa da indústria de cinema com a adição do Espinossauro no filme numa tentativa ridícula de substituir o T-Rex icónico do franchise. Sendo eu um fã die-hard de Jurassic Park (vejo o filme todos os anos no meu aniversário e iniciou a minha paixão pelo cinema), lamento todos os dias a forma como este franchise tem evoluído, passando de pináculo da experiência cinemática para um B-Movie que nem sequer merece passar na televisão.

            A possibilidade de um Jurassic Park IV foi daqueles projectos ao qual sempre prestei atenção, procurando por artigos acerca de realizadores e escritores e estando sempre à procura de concept art para ter uma ideia da direcção a criativa do projecto (ou seja terrível, quem teve a ideia de híbridos entre dinossauros e seres humanos devia levar com o caixão de Michael Crichton em cima). De qualquer das formas, este projecto esteve em ‘‘development hell’’ à uma década e, finalmente, foi neste verão de 2015 que o projecto teve fruição, sob o nome de Jurassic World.

            Avaliar este filme é difícil, pois a avaliação mais sintética que eu posso dar deste filme é que é, de facto, melhor sequela Jurassic Park que temos, embora isso não seja assim tão difícil. De forma a melhor estruturar isto, vou fazer isto por duas secções: O positivo e o negativo.

O Positivo:

            Isto é o caminho que as outras duas sequelas (que são ignoradas neste filme) deveriam ter seguido. O parque, agora sob o novo nome de Jurassic World (um rebranding de forma a não ser associado com o incidente do primeiro filme), está belissimamente realizado, com inúmeras atracções e exibições que são o completo sonho de qualquer entusiasta de dinossauros, explorando todas as potencialidades comercias que uma ideia como Jurassic Park podia ter realizado caso tivesse sido aberto e continuado em frente no departamento de genética.

Além de exibições clássicas com vitrines, temos safaris com herbívoros variados, uma zona interactiva para as crianças interagirem e montar dinossauros juvenis e até mesmo um aviário para pterossauros e uma secção aquática para um mosassauro (e uma pessoa achava que ver orcas tinha piada). Outra coisa que finalmente lembrara-se de reintroduzir no franchise foi o comentário da atitude humana perante a natureza: Desta vez temos uma crítica mais directa ao ambiente corporativo que predomina a actividade económica actual, e esta crítica é personificada sob a forma do principal antagonista do filme: o Indominus Rex.

Tudo acerca deste bicho, um híbrido de vários genomas de criaturas tanto extintas como vivas, é uma crítica acerca de não só a arrogância humana perante a natureza, como também da cultura consumista da sociedade moderna, desde o se aspecto (que parece que foi especialmente desenhado de forma a apelar ao máximo o público) até ao nome (que foi escolhido com o mesmo critérios para a selecção de uma marca).

Depois, temos todo à volta do protagonista do filme: Chris Pratt. Além de continuar a provar que é a grande próxima estrela de cinema em Hollywood, interpreta bem a personagem de Owen Brady e serve de Robert Moldoon para este filme, mas com mais que fazer e, tal como o seu predecessor, servir de voz pragmática face às ambições dos gerentes de Jurassic World. Desta vez, o ranger residente junta forças com os velociraptores como seu treinador em vez de unicamente guarda e a relação que Brady tem os os raptors é algo de fresco e original no franchise e serve para sedimentar a crítica contra a mentalidade por detrás da criação de Indominus Rex. Também destaque para Nick Robinson no papel de Lowery Cruthers que serve de self-insert para todo o fanbase Jurassic Park.

Por fim, gostaria só de referir, sem spoilers, que o terceiro acto deste filme é excelente e não só uma verdadeira homage ao espírito de Jurassic Park, como também a retribuição que toda a gente que viu Jurassic Park III estava à espera.

O Negativo:

          Isto não é um filme mas dois a lutar por primazia na sua apresentação no ecrã. Uma análise dos créditos de escrita revela que o guião deste filme foi escrito por quatro pessoas e é dolorosamente óbvio. Como resultado, temos demasiadas personagens, muitas delas pessimamente escritas e desnecessárias, e uma falta de desenvolvimento da história e personagens que tem uma melhor fundação por detrás delas. Uma grande parte dos problemas advém do facto que existem personagens para além de Chris Pratt e o elenco mais imediato à personagem dele.

Como exemplo temos as crianças que variam entre o bipolar e o por e simplesmente irritante, maus da fita que parecem saídos de um desenho animado da Hanna-Barbera e um milionário cuja ausência ou presença neste filme adiciona absolutamente nada à narrativa. Como tal, com a adição de todas estas outras personagens e as suas histórias correspondentes, tudo de positivo que apontei acima em relação à narrativa acaba por sofrer e toma um papel secundario quando devia ser a motivação primária por detrás do fluxo deste filme. Isso e que não passamos tempo suficiente a explorar e conhecer o parque de uma forma melhor e mais completa.

Por fim, a falha mais pesada do filme são os próprios dinossauros. Embora temos mais variedade e quantidade que o costume, a verdade é que este filme acaba por servir de exemplo óbvio dos defeitos da sobre-utilização de efeitos computadorizados. Não existe um único dinossauro que sequer chegue aos pés da qualidade de efeitos visuais do filme original, cerca de 90% deles são puramente computador e mesmo aqueles que eu sei que são práticos, devido a informação de bastidores, parecem dolorosamente falsos e retira-me da experiência devido ao precedente que tivemos com Jurassic Park. Muito francamente, os dinossauros de Lost World têm melhor aspecto que os dinossauros deste filme, e a fraca qualidade do aspecto dos dinossauros ainda adiciona ao defeitos da maioria do elenco porque uma das personagens melhor escritas deste filme é um dinossauro. É um dia triste quando descobrimos que um filme feito em 1993 tem efeitos visuais melhores que um filme feito em 2015.

Em suma, embora este filme tenha uns problemas dentro do recinto do horroroso, metade de uma boa história e efeitos visuais mal-realizados, este é a melhor sequela que tivemos neste franchise. Como filme de acção ou até mesmo um filme de monstros, é perfeitamente aceitável e um ‘‘must watch’’ este Verão. Se for para ter mais sequelas, prefiro o precedente que esta sequela estabelece em vez de termos de gastar mais do nosso tempo em Isla Sorna.

Verdicto

3.5/5

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