Review – Darth Vader (2015, Ongoing) #1

 

O Concílio de Moffs

O Julgamento de:

Darth Vader (2015, Ongoing) #1

Darth Vader (2015, Ongoing) #1

Darth Vader (2015, Ongoing) #1

Esta nova série ‘’Ongoing’’, publicada pela Marvel Comics, é escrita por Kieron Gillien (Über; The Wicked + The Divine), desenhado por Salvador Larroca (Namor Miniseries; X-Men: No More Humans), cores de Edgar Delgado , letras de VC’s Joe Caramagna e capa de Adi Granov. Foi publicado a 11 de Fevereiro de 2015.

Visto que a Disney está mais que pronta para expandir e reforçar o estatuto multimédia de Star Wars, era uma questão de tempo até vermos um plano de publicação de BD baseado nestas personagens publicado pela Marvel, voltando para a sua publicadora Original dos anos 70 antes de passar para a companhia Dark Horse. Para começar esta nova ronda, temos a linha principal denominada, simplesmente, de ‘’Star Wars’’, uma minissérie intitulada de ‘’Princess Leia’’ e, o objecto deste julgamento, a série Darth Vader, que segue o caminho sombrio da titular personagem.

O fascículo inicia com um texto crawl ‘’a la’’ Star Wars com uma breve descrição dos eventos que se passaram antes do início da história seguida de uma ‘’homage’’ à entrada de Luke Skywalker no Palácio de Jabba, o Hutt, em Return of the Jedi (RotJ). Mas em vez do filho temos o pai e em vez de incapacitação dos guardas Gammorean temos a sua exterminação porque impedir a passagem a um Senhor dos Sith com uma arma é equiparável a uma tentativa de suicídio (Embora, verdade seja dita, Jabba os contratou pelas mais pelas caras feias do que pelos processos que ocorrem por detrás delas).

Depois de tratar dessa formalidade, segue-se, como seria de esperar no seguimento desta ‘’homage’’, o Majordomo de Jabba, o Twi’Lek Bib Fortuna e, mais uma vez, em vez da utilização da Força de uma maneira discreta e não-letal para ter a sua audiência com o Boss de Crime de Tatooine, a ameaça do sabre de luz é mais a onda de Vader para conseguir o mesmo objectivo. Naturalmente Fortuna é um bocado mais sensato e certifica-se que Vader consegue ter a sua audiência com Jabba.

Aparentemente esta visita era esperada pela Casa de Jabba mas o problema é que ele chegou mais cedo do que o esperado e o facto de ele ter morto dois dos seus empregados não o agrada pelo qual Vader responde, numa excelente Splash Page com um Spotlight em cima (estranhamente remanescente de uma cena de ópera) e rodeado dos convidados do Hutt para não desprezar da sua generosidade de só ter morto dois. Seguido disto, Vader exige uma audiência privada e explica que chegou mais cedo devido a um assunto pessoal e que retornaria na sua capacidade oficial no dia seguinte. No decorrer esta cena, temos a tensão a crescer, à medida que decorre o diálogo, devido à expectativa de Jabba o largar o Poço do Rancor caso ele se aproxime demasiado.

Quanto a esta parte da ‘’homage ’’ a RotJ, o pai prova-se mais capaz do que o filho e detecta a armadilha e afasta-se dela. Sendo que, como Jabba explicou no seu diálogo anterior, Vader tem um preço na sua cabeça descomunável por várias facções dentro do Universo Star Wars, Jabba por alguma razão achou que seria uma ideia razoável colecionar esta recompensa o que resulta em mais guardas mortos e um Force Choke (agora de onde é que a filha arranjou a ideia) de forma a asserir a sua dominância na negociação que irá decorrer.

Seguido disto, temos um flashback para o dia anterior na qual Vader tem que explicar o seu falhanço mais recente ao Imperador. O falhanço em questão foi a destruição de uma fábrica importante, que iria ser uma ponte de aliança e interesse comum entre o Império e os Cartéis Hutt para a obtenção de recursos de forma a mitigar as consequências da perda da Estrela da Morte, na primeira história da série de BD ‘’Star Wars’’ que corre concomitantemente a esta (sim, é necessário algum conhecimento prévio mas é explicado de forma sólida e não interfere com a história em questão, basta saber que o Vader meteu o pé na poça outra vez e foi por causa das mesmas pessoas). Segue-se então um diálogo entre Vader e o seu mestre na qual ele lhe dá o sermão e a missa cantada acerca das implicações dos seus mais recentes falhanços. Vader é feito o bode expiatório nos olhos do Imperador e, como tal, é posto sobre a supervisão do Almirante Tagge.

Nome não vos diz nada? É o sujeito que argumentou contra o investimento de recursos excessivo na construção da Estrela da Morte e tentou alertar para o perigo que a Aliança Rebelde significava para o Império durante a cena introdutória de Grand Moff Tarkin em ‘’A New Hope’’. Por isso não só é Vader feito lacaio de outrem, como também é obrigado a servir de diplomata para o ‘’underground’’ criminoso do exterior da galáxia e mais, o Imperador encontra-se com um agente e recusa a partilhar a informação o seu aprendiz, o que contribui para o clima de desconfiança entre os dois (quando um casal não é construído em fundações sólidas de confiança e compreensão, então uma parceria Sith é destinada a falhar).

O Imperador pergunta se não há mais nada que Vader queira adicionar ao seu relatório, pelo que se segue um flashback na qual ele relembra os seus encontros com o seu (ainda desconhecido e incluindo o encontro da série principal) filho, o que lhe leva a manter esse assunto para si próprio e investiga-lo melhor sem a interferência do seu mestre.

De forma a terminar este fascículo, transitamos para o dia oficial das negociações com Jabba e vemos Vader no horizonte deserto. Chega alguém por trás a perguntar-lhe se ele é o cliente que o contratou e descobrimos que Vader exigiu os serviços dos melhores agentes de Jabba, o que resulta no bromance mais épico de Star Wars entre Vader e Boba Fett (óbvio que ele tinha que entrar nisto que qualquer forma). Vader confia a Fett e ao seu colega mercenário, um Wookie chamado de Black Krrsantan, a procura e captura de Luke Skywalker (Vivo, isso é obrigatório) e dá-lhe a indicação de seguir o rasto da Millennium Falcon que Fett conhece bem, juntamente com o seguir e eventual captura do agente do Imperador que Vader viu na sua última visita a Corusant (também vivo, alguém tem que dizer a Fett que a sua propensão para a desintegração das suas vítimas está a interferir com a clientela). O fascículo termina com uma incrível Splash Page na qual Vader proclama que não tem mais nada a fazer em Tatooine enquanto preside sobre o resultado do massacre de uma tribo de Sand People que ele próprio fez de questão de cumprir (pelos vistos matar a pessoa errada à 30 anos atrás deu para o torto a longo prazo para os nativos).

O problema de muitas destas novas propriedade Star Wars publicadas debaixo do tecto da Disney é que (na minha opinião) parecem demasiado preocupados em apelar à Velha Guarda do Fandom e por isso temos a linha de BD principal a parecer uma série de checklists preenchidas por puristas da trilogia original. Não digo que é uma má coisa, todos nós queremos de ver uma expansão do que gostamos, mas é simplesmente mais do mesmo é perturbador o quase copy/paste que há entre filme e todo o resto. Pode ser bom, mas acho que não fica muito bem e restringe um bocado a história porque interfere o flow da história um bocado, ao contrario da última linha Star Wars ‘’proper’’ da Dark Horse que continuava a homenagear a trilogia original mas não era o copy/paste que se observa na nova Star Wars da Marvel (é mais uma preferência própria mas se gostas dos filmes originais então a BD é mais do mesmo e és capaz de gostar).

Por outro lado, a série Darth Vader preenche também esses checklists mas acho que o guião de Gillien faz algo de novo e interessante com a personagem apesar disso. Esta introdução dá mais do que os fãs gostam de Vader e leva-o num caminho desconhecido e muito mais apelativo de um ponto de vista narrativo dando uma dimensão mais profunda tanto emocional como intelectual à personagem. Além de termos o imagem do Golias imponente que muito agente associa a Vader (e que as séries Dark Horse da personagem muitas vezes encostavam um bocadinho demasiado em algumas histórias), temos também o comandante astuto, o agente implacável e o jovem furioso todo numa só história e percebemos as motivações e acções de uma personagem que é essencialmente um sujeito alto, escuro e com um capacete numa forma de caveira sem qualquer expressão facial.

Os únicos problemas que acho que podem interferir com o apreciar completo desta série é a necessidade do conhecimento prévio não só dos primeiros fascículos da série principal de BD Star Wars, como também da história da personagem de Anakin e de todos os filmes em geral de forma a perceber as nuances da história. Isso e talvez a complicação que Luke e Vader se defrontaram antes de Cloud City e que ele nunca percebeu que ele era seu filho durante esse tempo. Tirando isso, este é um ‘’must-read’’ e recomendo-o para todos os fãs de Star Wars e para quem está à procura de uma boa história neste novo Expanded Universe.

Édito do Concílio:

Julgamos Darth Vader #1 digno de receber

 

A Vontade do Imperador

(Excelente)

award copy
Review de Tiago Garcia.

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