2º Dia – Optimus Primavera Sound. 08.06.12

03_aNo segundo dia o bom tempo continuou, e pode-se dizer que foi o dia dos “Lips”, dos Flaming Lips e Black Lips, onde uns apostaram mais no espectáculo e os outros num rock duro e directo, mas disso falarei mais abaixo.

Em toada morna o Americano Rufus Wainwright entoava nos campos verdes do palco Optimus, canções pop desenhadas na perfeição, onde se nota um extremo cuidado de composição desde o primeiro segundo ao último de suas canções. Abriu com “candles”, foi crescendo com “greek song” até à tão brilhante “the one you love”,  seguiu-se uma música escrita pelo seu Pai “one man guy” e contou-nos que costumava tocar sempre em festivais country aquando do começo de sua carreira, confessando que eram bem diferentes, mas que gostava bastante de os fazer. Pelo meio do alinhamento ainda passaram “Hallelujah” de Leonard Cohen, passando depois à sua apresentação do seu mais recente trabalho “Out of the Game”. Um concerto competente mas a meu ver a sua música enquadra-se mais num ambiente mais intimista.

O recinto encontrava-se cada vez mais composto e no final do concerto de Rufus Wainwright já eram muitas as pessoas presentes no recinto, muito por “culpa” de nomes como os Flaming Lips, Black Lips, M83 e Beach House.

01_aO vocalista/guitarrista Wayne Coyne entrou de forma exurbitante com uma echarpe de pelo, megafone na mão e muita garra, começando pela crua “worm mountain”. Os Flaming Lips fizeram a festa (e que festa), onde não faltou muita cor, confettis, fumo colorido, balões gigantes, cheerleaders de cada um dos lados do palco e onde ainda tivemos também uma passagem por cima do público do vocalista dentro de um balão gigante. Um grande concerto onde se puderam ouvir temas tão conhecidos como “the yeah yeah yeah song”, “Yoshimi Battles the Pink Robots Pt. 1”, uma cover de “on the run” dos Pink Floyd ou o tão antiguinho “race for prize”(no primeiro encore), deixando “do you realize” para um segundo encore e fechar assim desta maneira em chave de ouro um dos melhores concertos do festival.

Passado pouco tempo de Flaming Lips ter começado, chegou a meu ver o melhor concerto de todo o festival a par dos Suede, os Black Lips.


01O cenário dos Black Lips era um lençol branco com um grafitti a dizer o seu nome, onde dos lados tinham umas flores também a grafitti muito mal desenhadas, reflectindo desta maneira uma postura bem rockeira). O concerto foi uma verdadeira explosão de rock n´roll em que o público só conseguiu recuperar o fôlego no fim, e mesmo assim ainda demorou algum tempo.  Começaram com a grande “family tree” título de abertura do último “Arabian Mountain”, depois seguiram-se  “knocahoma”, “not a problem” e abrandaram um bocado com “dirty hands” de “Let it Bloom”, chegando a “katrina” que fez com que toda a gente ficasse aos saltos e se rendesse perante tal energia, e sem perder o fôlego passam para “modern art”. Ficamos ainda com  “dumpster dive”, “time” e “go out and get it” do mais recente trabalho. A partir de meio do concerto instalou-se o caos , com uma guerra de papel higiénico entre público e pessoas que se encontravam de lado no palco, e mais tarde foram vários os fãs que contagiados pelo ambiente de festa subiram ao palco, cumprimentavam e davam mesmo uns passos de dança até que eram levados aos braços pela segurança, enfim nada que  um concerto de rock n´roll não deva ter. Antes de fecharem com “lean”, tocaram “bad kids”, sendo esta uma das grandes músicas deste grande concerto, e como que uma espécie de hino destes rapazes. Esperamos então que nos visitem mais vezes pois podem crer que banda com sotaque Sul-Americano sabe fazer a festa como deve ser.

Devido a ter de andar sempre de um lado para o outro fica ainda o registo de dois concertos no Palco 4, onde dou nota bem positiva para os Chairlift e nota bem negativa para os Beach House, pois até hoje não entendo esta coisa de modas, especialmente quando a vocalista não conseguia afinar uma única nota, mas ao contrário de mim o público encontrava-se histérico (não percebi mesmo).

Os M83 fecharam em grande o 2ºdia do Festival, com um espectáculo de luz e som a combinar na perfeição, mais do que isso era impossível pedir-lhes, pois brindo último “hurry up, we´re dreaming”fizeram parte de um alinhamento não muito comprido, por onde passou “fall” uma cover dos daft punk, “teen angst”, “reunion”, sitting”, “year one, one ufo”, “Steve McQueen” e “this bright flash”. Por último “coleurs”  encerrou assim mais um dia com um concerto bem interessante e mostrou-nos que competência é coisa que não falta ao projecto de Anthony Gonzalez e Nicolas Fromageau. Acabava assim mais um dia, restava descansar e preparamo-nos para mais um que prometia ser bem mais calmo que estes dois primeiros.

 

texto: Manuel Magalhães. fotos: Hugo Lima/Optimus Primavera Sound | Manuel Magalhães/Engenharia Rádio