CINE-TEATRO ESTARREJA: Primeiro trimestre com Martina Topley-Bird, Dead Combo e Frankie Chavez

Ritmos indie e mais alternativos levam nos primeiros meses de 2012 nomes como Dead Combo, Adam Hurst, Elysian Fields, Martina Topley-Bird, Frankie Chavez, Norberto Lobo e Nuno Prata ao Cine-Teatro de Estarreja. A agenda do CTE tem ainda uma forte expressão no teatro e na dança com performances e elencos distintos como As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant, A Voz Humana e Tuco, da coreógrafa Karine Ponties.

 

A heterogeneidade continua a marcar a programação do CTE conforme revelam os nomes presentes na sua agenda para os primeiros meses de 2012. Uma diversidade que percorre as várias artes de palco, fundamental para fazer chegar o CTE aos seus públicos. A par disso nota-se uma certa irreverência na aposta em projetos emergentes no panorama cultural quer em termos nacionais como internacionais.

 

Para o arranque de 2012 mantem-se o ciclo Concertos Íntimos do CTE que na sua 6ª edição conta com a presença de Clã a 14 de Janeiro e do seu Disco Voador, GNR no dia 10 de Março no tom de Voos Domésticos e da jovem fadista Carminho [5 de Maio] que, meses depois do Fado ter sido elevado a Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, transforma o CTE numa autêntica taberna lisboeta e apresenta o novo álbum com lançamento marcado para Janeiro.

 

O Cine-Teatro de Estarreja continua assim o seu papel fundamental de melhoria da qualidade de vida da população e de desenvolvimento dos públicos, incrementando a cultura nos indivíduos e contribuindo para uma sociedade mais democrática, mais crítica e competitiva. Durante estes 6 anos e seis meses, contados a partir da sua reabertura, em 2005, o CTE  acolheu cerca de 2204 eventos, ao longo de 1403 dias de animação, aos quais assistiram mais de 176 mil pessoas.

 

Além dos Clã, que dão início aos Concertos Íntimos, Janeiro conta ainda com a presença de Adam Hurst no auditório do CTE. Com 9 álbuns na bagagem, Adam Hurst é um compositor que cria com o seu violoncelo poesias que entram diretamente na alma de quem as escuta.

 

No primeiro sábado de Fevereiro é a vez dos Dead Combo subirem ao palco com Lisboa Mulata, quatro meses depois do lançamento, onde apresentam a sua visão da multiculturalidade lisboeta naquele que é já considerado a banda sonora da capital portuguesa.

 

Martina Topley-Bird chega em Março ao CTE. Logo no segundo dia desse mês a ex-Tricky e Massive Attack e também a verdadeira musa do trip-hop vai levar a esse equipamento cultural Some Place Simple, o seu álbum mais recente. Dias depois dos GNR é a vez da dupla nova-iorquina Elysian Fields [17 de Março], composta por Jennifer Charles e Oren Bloedow, mostrarem o seu novo trabalho Last Night on Earth onde estes veteranos difíceis de catalogar retornam aos sabores mais subterrâneos do rock, num regresso às origens.

 

Para finalizar o trimestre Frankie Chavez prepara um concerto com o seu estilo inconfundível, para o último dia de Março. Este é um dos mais promissores talentos da nova música portuguesa e tem vindo a ser referido como a mais recente revelação blues do sul da Europa. Na dupla voz e guitarra o resultado é um blues/folk com influências entre Jimi Hendrix e Robert Johnson, mas na versão única de Frankie Chavez.

 

Para as noites no Bar do CTE destacam-se Nuno Prata e Norberto Lobo, o primeiro no dia 20 de Janeiro e o segundo um mês depois, no dia 24 de Fevereiro. Nuno Prata, ex-Ornatos Violeta, constrói temas que entranham. No seu último trabalho, Deve Haver, Nuno Prata não nega as origens e vai tendendo tanto para um lado mais folk, como para outro mais rock ou mais pop. Basta ouvir Essa dor não existe [tu isso sabes, não sabes?].

Já o registo de Norberto Lobo consegue marcar a diferença. Entre a contemplação, a homenagem e a criação de novos sítios em som e música, é neste concerto no Bar do CTE que se pode encontrar a singularidade  da arte de Norberto, um dos grandes instrumentistas e compositores da música portuguesa. E uma guitarra basta para tudo isso.

 

Não só de música é feita a programação do CTE para o primeiro trimestre de 2012. No teatro destacam-se elencos de excelência quer em As Lagrimas Amargas de Petra Von Kant, de António Ferreira, quer em A Voz Humana, de Carlos Pimenta. A partir do filme de Rainer Werner Fassbinder, António Ferreira [autor dos premiados filmes Esquece Tudo o que te Disse e Respirar Debaixo d’ Água] trata da realização e encenação de As Lagrimas Amargas de Petra Von Kant, uma história de amarguras contada no feminino, e conta com a interpretação de Custódia Gallego, Isabel Ruth, Inês Castel-Branco, Ana Padrão, Cláudia Carvalho e Diana Costa e Silva. Por sua vez, A Voz Humana é uma adaptação da peça de Jean Cocteau que Carlos Pimenta quis trazer para a cena nacional. A partir de um telefonema surge um monólogo que Emília Silvestre entranha e lhe dá a força necessária para que todo o drama tenha sido considerado “perfeito” pelos críticos da área.

 

Ainda dentro das artes performativas, nomeadamente do teatro, Bruno Nogueira e Miguel Guilherme afinam o sentido de humor e apresentam É Como Diz O Outro, uma comédia baseada nos textos escritos e interpretados por Henrique Dias e Frederico Pombares na rubrica com o mesmo nome, emitida no programa 5 para a Meia-Noite, da RTP 2.

 

A dança chega em Fevereiro ao Cine-Teatro de Estarreja com uma produção da Companhia Instável. Tuco, de Karine Ponties, coreógrafa francesa radicada na Bélgica, é um trio masculino [André Braga, João Vladimiro e Ricardo Machado] que partiu do filme “O Bom, o Mau e o Vilão”, de Sergio Leon. Uma viagem ao mundo western onde os personagens têm um temperamento dúbio que se revela através de jogos de força, lutas introspetivas e encontros, num movimento notoriamente assinado por Karine Ponties. Na tarde que antecede a apresentação de Tuco, dia 11 de Fevereiro às 15h, Karine Ponties oferece ao público uma masterclass de movimento, dentro do espaço cénico e conceitos estéticos da peça.