Fantasporto 2010: Sábado, 27 de Fevereiro

La Horde Yannick Dahan, Benjamim Rocher – França
Como qualquer festival de cinema fantástico/terror, é indispensável a participação de quantidades absurdas de zombies e mais zombies. Num género já muito explorado, “La Horde” cumpre exactamente aquilo que pretende ser: Um bom filme de acção. Com mortos-vivos, claro está! Esta película, da dupla francesa Yannick Dahan e Benjamin Rocher, começa como um filme policial, bem ao estilo “hollywoodesco”, mas descamba num festival de tiros, socos, pontapés, machadadas, e algumas refeições de cérebros quentinhos. O recurso a diversos clichés de argumento por vezes chateiam (ainda estou para perceber, exactamente, porque é que este filme ganhou o prémio de Melhor Argumento), mas os efeitos especiais e cenas de acção a roçar o perfeito acabam por compensar a falta de originalidade da escrita. Apesar do gore inerente ao estilo, acaba por ser um filme recheado de momentos hilariantes, muito devido à personalidade tresloucada de maioria das personagens, com destaque para Réne (Yves Pignot), um veterano de guerra que adopta a matança de zombies como desporto predilecto.

Thirst
Chan-Wook Park – Coreia do Sul
A passagem dum velho conhecido do FantasPorto sucita sempre um interesse extra. Ainda para mais quando se trata de Chan-wook Park, realizador de filmes como “Simpathy for Lady Vegance” ou “Old Boy”, ambos distinguidos pelo festival em edições passadas. Daí que não tenha sido de estranhar que a lotação tenha sido esgotada, e raras devem ter sido as pessoas que sairam de lá desiludidas: “Thirst”, longe de ser a obra de eleição de Park, diverte, assusta e arrepia, fruto da combinação entre excelentes actuações dos actores, efeitos especiais e um argumento pouco ortodoxo, apesar de levemente familiar. Confuso? Bom, acaba por ser exactamente nisso onde a película de Park ganha forma, baralhando lugares comuns e empurrando as personagens entre si, como que a pedir uma autêntica explosão, o que eventualmente acontece. Uma visão bem pitoresca muito bem estilizada dum padre santificado, interpretado por Kang-ho Song, reduzido a uma vida amaldiçoada, não só devido à sua condição vampiresca mas também ao seu amor…insuportável. Destaque para as brilhantes performances de Hae-sook Kim como a buçal Lady Ra e Ok-bin Kim como a delirante e bi-polar Tae-ju, num filme que causa impacto, goste-se ou não. Apesar da polémica que suscitou em Cannes ter passado bastante despercebida no Porto, chamou a atenção pelas melhores razões, tendo juntado ao palmarés de Park o seu segundo prémio na categoria Orient Express.

Reportagem por Tiago Magalhães